“A prevenção da diabetes está na ordem do dia e os partidos devem responsabilizar-se por dar passos importantes para essa prevenção”, salientou o presidente da APDP, José Manuel Boavida.
Em declarações aos jornalistas após uma reunião com a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, o responsável lembrou que a implementação do programa para o tratamento com bombas de insulina de última geração para 15 mil pessoas com diabetes tipo 1 ainda está atrasada.
“Foi prometido pelo senhor ministro [Manuel Pizarro], foi prometido pela Assembleia da República, mas continuamos com este processo encravado por motivos burocráticos de concursos e não por processos ágeis de facilidade acesso através da farmácia como nós propusemos. Voltamos a insistir que este processo é absolutamente fundamental”, sublinhou José Manuel Boavida.
O presidente da APDP criticou também o sistema atual de comparticipação dos medicamentos.
“Uma pessoa com diabetes tem também normalmente hipertensão. O medicamento para a diabetes tem 85% de comparticipação, o medicamento para a tensão tem 50% e o medicamento para o colesterol tem 40%. É preciso uniformizar a comparticipação dos medicamentos por patologias. Não faz sentido que as doenças psiquiátricas tenham menos comparticipação”, observou.
De acordo com José Manuel Boavida, todas as doenças “devem ter revisão de um sistema de comparticipação que seja capaz de estabelecer igualdade e facilidade de acesso”.
O dirigente recordou ainda que o programa de prevenção da diabetes tipo 2 tem de incluir os municípios, referindo que a APDP já abordou a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE).
“Os municípios têm uma capacidade de mobilização e intervenção na sociedade muito maior do que as estruturas de saúde, como foi bem visível durante a pandemia. Portanto, este programa de prevenção da diabetes tipo 2 tem de ser com os municípios e, por isso, já nos dirigimos às associações de municípios e freguesias para levar a cabo este mesmo processo”, disse.
José Manuel Boavida alertou também que deve “haver um rastreio” para prevenção da diabetes tipo 2, considerando tratar-se de “uma doença de uma exigência enorme do ponto de vista pessoal, familiar, escolar”.
“A diabetes tipo 2 é uma doença muito provocada pelas condições sociais em que vivemos, é uma doença prevenível e, portanto, essa deveria ser uma das responsabilidades dos partidos a levarem a cabo no novo parlamento”, acrescentou.
Em junho de 2023, o PS chumbou no parlamento a comparticipação total de sistemas híbridos de perfusão subcutânea contínua de insulina, que tinha por objetivo aumentar a qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1.
A bancada da maioria socialista votou contra os textos de Bloco de Esquerda (BE) e do PCP depois de, na quarta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, ter anunciado a criação do programa universal para ser aplicado até 2026.
O plano resulta do trabalho desenvolvido por um grupo que estimou a existência de cerca de 30.000 pessoas afetadas pela doença em Portugal, assumindo que metade tem indicação para tratamento por sistemas automáticos de perfusão.
No debate de quinta-feira, vários partidos pediram rapidez na implementação do programa para tratamento com bombas de insulina de última geração para 15 mil pessoas com diabetes tipo 1, com o BE a deixar críticas “às conveniências do Governo”.
Em 14 de novembro de 2022, a APDP entregou um texto subscrito por cerca de 24.000 familiares de crianças e jovens com diabetes tipo 1.
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