"Muitas pessoas pensam que ao usarem uma máscara se protegem do contágio, já que isso reduz as fontes de transmissão", disse à AFP o Dr. KK Cheng, especialista em saúde pública da Universidade de Birmingham.

A autoproteção "funciona se todas as pessoas usarem uma e, nesse caso, uma máscara muito básica é suficiente, pois um pedaço de pano pode bloquear" as gotículas de saliva que um paciente projeta, acrescenta. "Não é infalível, mas é melhor do que nada".

No caso do coronavírus, esta medida é ainda mais importante, pois muitas pessoas são assintomáticas e transmitem-no sem saber, lembra Cheng.

Mas, ao mesmo tempo, faltam dados científicos para demonstrar a sua eficácia.

"Não sabemos muito bem se as máscaras faciais caseiras reduzem a transmissão, houve pouca pesquisa a esse respeito", disse à AFP Benjamin Cowling, epidemiologista da Universidade de Hong Kong.

Em 2013, um estudo da Universidade de Cambridge concluiu que, no caso de uma pandemia de gripe, estas proteções devem ser usadas como "último recurso".

Os médicos também lembram que o seu uso não deve reduzir as outras medidas preventivas, como lavar as mãos.

Escassez

O facto de o uso generalizado de uma máscara não ser necessário em muitos países europeus após o surto da pandemia surpreendeu a Ásia.

"O grande erro nos Estados Unidos e na Europa é que as pessoas não usam máscaras", disse Gao Fu, chefe do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, em entrevista à revista Science na sexta-feira.

"Colocar uma máscara não faz parte da cultura ocidental", argumenta Cheng, que também destaca que as autoridades podem ter evitado recomendar o seu uso generalizado para impedir que a população recorresse às máscaras cirúrgicas reservadas a funcionários de saúde.

"Há uma incrível escassez" destes produtos, diz o pneumologista francês Nicolas Hutt, dando voz a um problema que ocorre em outros países europeus, como Espanha.

Hutt também convida a população a usar "máscaras alternativas, artesanais ou especializadas para a indústria".

"Telas"

"Basicamente, atuam como telas antiprojeções" quando usadas pela população, diz este médico.

Tutoriais caseiros podem ser facilmente encontrados online, às vezes até procedentes de hospitais.

Nos últimos dias, vários países da Europa mudaram a sua posição oficial: na Eslovénia e na República Checa é obrigatório usá-las e a Áustria anunciou na segunda-feira que quer vendê-las nos supermercados.

Até marcas de luxo estão envolvidas: Saint Laurent, Gucci, Balenciaga e Chanel anunciaram a sua intenção de fabricar máscaras nas suas fábricas.

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