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Análise de sangue está a ser patenteada pela Escola Superior de Tecnologias e Saúde do Porto
12 de setembro de 2013 - 13h17
Um grupo de investigadores portugueses está a desenvolver um teste que determina a eficácia do tratamento da disfunção erétil, permitindo a adoção de uma estratégia terapêutica personalizada.
“Através da determinação, numa simples análise de sangue periférico, de substâncias moleculares envolvidas na génese da disfunção erétil, pode-se predizer o sucesso ou insucesso de determinado fármaco para o tratamento da disfunção erétil em cada doente”, explicou o investigador e urologista, Fábio Almeida.
Em declarações à Lusa, Fábio Almeida disse que a análise “baseia-se sobretudo na avaliação da função vascular dos vasos sanguíneos do pénis. No fundo, permite perceber como é que a camada mais interna dos vasos sanguíneos está a funcionar. A esse nível existe um conjunto de moléculas que quando alteradas, num estado oxidado, tornam-se incapazes de ser eficazes para que os vasos sanguíneos possam relaxar e o pénis possa tornar-se erétil de uma maneira satisfatória para o doente”.
“Esta análise permite determinar e quantificar a quantidade dessas moléculas que estão alteradas. Sabemos que se houver um determinado número, um determinado rácio de moléculas oxidadas versus moléculas reduzidas (estado normal), que de facto os fármacos não são eficazes, portanto não consegue relaxar os vasos sanguíneos e a ereção não se proporciona”, sustentou.
O especialista considerou que “não tem interesse estar a medicar um doente sem saber qual é que é o seu estado oxidativo/reduzido porque, de facto, para esses doentes que vamos tentar medicar ‘às cegas’ a probabilidade de ter sucesso é muito baixa”.
“O nosso objetivo é corrigir os fatores que estão na base da disfunção erétil, da disfunção vascular para que, mais tarde, possa fazer a medicação correta e de uma maneira satisfatória”, sublinhou.
Fábio Almeida disse ainda à Lusa que esta análise de sangue periférico está a ser patenteada pelos investigadores da Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto e que poderá estar disponível no mercado dentro de “um ou dois anos”.
Atualmente está disponível em termos académicos e de investigação e para os doentes que reúnem os critérios definidos pelos protocolos de investigação.
Neste momento, referiu o especialista, uma parte do protocolo de investigação já esta fechado e os resultados já foram validados em varias reuniões cientificas.
“Estamos a alargar o número de doentes que estão a participar no estudo para que os resultados possam ter mais peso estatístico, mais validade”, disse Fábio Almeida, referindo que os doentes que pretendam obter informações podem contactá-lo através do endereço eletrónico: fa1escorcio@gmail.com ou dirigindo-se ao Centro de Urologia da Imagem Médica da Lapa, no Porto.
O investigador salientou ainda que “esta simples colheita de sangue permite ter dados muito importantes sobre o estado da função vascular do próprio doente. Isto não representa um avanço apenas para a disfunção erétil, representa um avanço para o estudo cardiovascular do doente”.
“Podemos muitas vezes evitar que estes doentes que sofrem de disfunção erétil venham a sofrer um enfarte ou um AVC porque o estado oxidativo dos vasos sanguíneos não afeta apenas o pénis, afeta todo o corpo e, particularmente, os vasos do coração e do sistema nervoso central”, frisou.
Lusa
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