Em declarações à agência Lusa, o vereador do Ambiente da Câmara de Viana do Castelo, Ricardo Carvalhido explicou hoje que o estudo, designado SOPRO, é coordenado pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), unidade de investigação da Universidade de Aveiro, e conta com a participação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).

Os 10 lugares mais poluídos do mundo
Os 10 lugares mais poluídos do mundo
Ver artigo

"As poeiras rodoviárias devem ser tidas em conta como elemento determinante para a qualidade do ar, porque a sua composição, embora variada, contém principalmente hidrocarbonetos (como os plásticos) e metais (também metais pesados) com diâmetro por vezes 20 a 30 vezes menor que um cabelo humano, tornando-os inaláveis e difundíveis diretamente para todos os órgãos do organismo através da circulação pulmonar", referiu Ricardo Carvalhido.

Várias doenças

O vereador do Ambiente adiantou que "a exposição do ser humano à matéria particulada, principalmente à de menor diâmetro (MP2,5 e MP10), é responsável por efeitos nefastos na saúde, incluindo no aumento da frequência de doenças do foro cardíaco e oncológico".

Além de "permitir o primeiro diagnóstico da quantidade e tipo químico da matéria particulada da cidade", o estudo das poeiras rodoviárias de Viana do Castelo também pretende "contribuir para a literacia científica dos cidadãos, nomeadamente no conhecimento que os veículos contribuem para a poluição do ar, não só através dos gases de escape, mas também a partir de outras fontes, por ventura insuspeitas".

A matéria particulada (MP) "é um conjunto heterogéneo, com origem e composição química diversas, sendo que a maior fonte em grandes cidades provém do tráfego".

"Uma parte significativa destas partículas provém de fontes que não a combustão, como as emissões de escape, mas nomeadamente do desgaste dos travões, da embraiagem, dos pneus e do asfalto, e da ressuspensão de poeiras da estrada, pelo que o perfil climático da cidade também é fundamental conhecer e monitorizar, nomeadamente, e entre outras variáveis, o regime de ventos e a pluviosidade", sustentou.

Para Ricardo Carvalhido, a importância do estudo que vai ser realizado durante o fim de semana "prende-se essencialmente com a necessidade de determinação da composição química do ar que se respira na cidade e a necessidade de garantia da sua qualidade aos cidadãos".

"O assunto assume ainda maior relevo e importância social, porque a par das emissões provenientes de combustão, que têm sido reduzidas com sucesso, nomeadamente através de regulamentação legal, as emissões ‘non-exhaust' não estão controladas, nem são conhecidas".

10 coisas perigosas que põe no lixo (e não devia)
10 coisas perigosas que põe no lixo (e não devia)
Ver artigo

O responsável autárquico acrescentou que "a aposta do município de Viana do Castelo na mobilidade elétrica impõe a necessidade urgente de ganhos de conhecimento sobre estas emissões rodoviárias, tendo em conta que se irão tornar, até 2030, como a principal fonte de matéria particulada poluente no meio urbano".

O estudo a realizar no fim de semana prevê a colheita de matéria particulada em cinco artérias do centro da cidade de Viana do Castelo. Os ensaios serão repetidos ao longo do próximo ano para uma primeira aproximação à quantidade e perfil químico da matéria particulada no ar da cidade.

Ricardo Carvalhido referiu que aquela investigação se insere na "estratégia de posicionamento de Viana do Castelo como um Território de Ciência e de Conhecimento".

"Este estudo, como outros que estão em curso, contribuirá para a conceptualização e desenho da rede de sensores para a monitorização da qualidade ambiental, projeto já em desenvolvimento e, em parte, em sequência da assinatura do protocolo estabelecido com o Centro de Território, Ambiente e Construção (CTAC) da Escola de Engenharia da Universidade do Minho para a determinação da assinatura ambiental do município. Também participam neste projeto de âmbito alargado o DCT e o IBS da Universidade do Minho e o CIIMAR da Universidade do Porto", especificou Ricardo Carvalhido.