Dois em cada mil doentes despertam da anestesia durante uma cirurgia, um acontecimento considerado como uma complicação ocasional da anestesia. Contudo, estar consciente do que acontece durante uma operação pode gerar trauma a longo prazo, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Ruhr, em Bochum, Alemanha, em conjunto com cientistas da Universidade Charité, em Berlim.

O estudo foi publicado na revista “Deutsches Ärzteblatt International”. Em casos em que o paciente mantém a consciência durante uma operação, a causa é geralmente uma inadequada profundidade da anestesia. Além disso, vários factores de risco favorecem a ocorrência destes eventos.

Por exemplo, as crianças têm um risco, entre oito a dez vezes superior, de apresentar momentos de consciência sob a influência da anestesia. O uso de analgésicos a longo prazo ou o abuso de fármacos também tornam o paciente mais propenso a esses eventos.

A natureza da operação e as circunstâncias que a rodeiam também podem desempenhar um papel importante nestas experiências: a cesariana e as operações de urgência apresentam um risco maior destes episódios de que outros tipos de cirurgia, enquanto as operações realizadas durante a noite pressupõem um risco maior do que as feitas durante o dia.

Para evitar episódios de consciência durante a anestesia, os autores deste estudo Petra Bischoff, o RUB e Rundshagen Ingrid, Charité University, recomendam que se tenha em conta os factores de risco acima descritos e aumentar o nível de vigilância dos médicos, sensibilizando-os para o fenómeno através de sessões de formação regulares.

Outra medida útil é a de pré-medicar com benzodiazepinas e não usar relaxantes musculares. Também é importante a medição das concentrações de gás para anestesia de forma regular e controlar a actividade eléctrica do cérebro por electroencefalograma (EEG). Se possível, o paciente deve receber protecção auditiva e, caso exista um distúrbio de stress pós-traumático, o prognóstico é bom se iniciar o tratamento atempado.

26 de janeiro de 2011

Fonte: ALERT/SAPO