A investigação, feita pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Escola de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres (LSHTM), encontrou “indícios de violência baseada no género (VBG) generalizada” entre deslocados da guerra em Cabo Delgado.
Mulheres e raparigas que resistam ou que apresentem queixas são ameaçadas de ser retiradas das listas de distribuição de assistência humanitária, “incluindo apoio em alimentos ou outras formas de assistência”, lê-se no documento.
Sem apresentar números, o estudo mostra que os abusos feitos por grupos rebeldes continuam durante a fuga das zonas de conflito e nos locais de acolhimento.
“Estamos preocupados com estas graves descobertas”, disse hoje, em comunicado, Samuel Chakwera, representante do ACNUR em Moçambique.
“Devemos fazer mais para dar resposta a esta crise e apoiar famílias deslocadas e respetivas comunidades de acolhimento”, apelou.
Chakwera referiu que o cenário reflete a falta de recursos para a ajuda humanitária.
“A crise em Cabo Delgado enfrenta uma grande lacuna de apoio humanitário, um crescente número de deslocados, escassez de financiamento, e um número limitado de agências humanitárias e estruturas de apoio a comunidades de acolhimento frequentemente sobrecarregadas”, descreveu aquele responsável.
O representante do ACNUR considera “necessário ter um apoio robusto para os programas de 2022 para que os deslocados e respetivas comunidades de acolhimento não enfrentem lacunas semelhantes em atividades vitais”.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
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