"Este é o primeiro caso de uma epidemia mundial de doenças da fauna silvestre. Atualmente, há mais de 60 países afetados", assegura Kolby, coautor do estudo publicado na revista 'Science' sobre os devastadores efeitos do fungo patogénico 'Batrachochytrium dendrobatidis'.

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Kolby estima que o fungo, que ataca a pele de rãs, sapos e outros batráquios possa extinguir 500 espécies nos próximos anos.

A infecção por 'Batrachochytrium dendrobatidis' leva à produção de uma quantidade anormal de queratina - proteína básica da epiderme -, impedindo a correta regulação da água e dos eletrólitos, provocando insuficiência cardíaca nos animais afetados.

Dezenas de espécies já desapareceram

Nas últimas cinco décadas, esta doença, extremamente contagiosa, já terá causado o desaparecimento de dezenas de espécies, segundo o estudo.

A sua rápida propagação mundial está associada à falta de normas no comércio mundial de animais e da vigilância aeroportuária, o que facilita a entrada destas espécies sem qualquer controlo veterinário.

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"Temos que nos concentrar nas regulações comerciais para resolver este problema", alertou o cientista americano, especializado em doenças de animais selvagens e integrante de uma equipa de cerca de 40 especialistas que participou do estudo publicado em 29 de março naquela prestigiosa revista científica.

Só nos Estados Unidos entram anualmente mais de cinco milhões de anfíbios. "A globalização é boa para os humanos, mas tem consequências para os animais", afirma o especialista.

Atualmente, a Austrália e países da América Latina são os locais onde os cientistas detetaram a maior incidência desta doença. A mobilidade entre esta região e a Ásia, onde o fungo terá origem, será a chave para explicar o seu avanço. Os cientistas também trabalham com a hipótese de que o fundo teria sofrido uma mutação, tornando-o ainda mais perigoso.

Controlam doenças e favorecem a qualidade da água

A deterioração da qualidade da água nas zonas povoadas por rãs seria uma das consequências mais devastadoras de uma possível extinção desta espécie, que se alimenta de certas plantas que melhoram a qualidade hídrica.

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Da mesma forma, os anfíbios também podem ajudar a controlar a incidência de doenças perigosas para os seres humanos, como a malária e o zika, ao alimentar-se dos mosquitos hospedeiros dos agentes causadores destas doenças.

Algumas espécies que se alimentam dos anfíbios também podem ser afetadas, razão pela qual alguns cientistas já falam de Sexta Extinção em massa de espécies da Terra, pois terão que alterar a sua dieta. "É um efeito dominó", acrescenta Kolby.

Segundo o cientista, não se trata de um problema que afeta apenas os animais, mas também os seres humanos.