De acordo com a professora Teresa Amaral, coordenadora do projeto, esta percentagem da população "consome mais de cinco gramas de sal por dia, valor máximo diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)".

Este é um dos resultados finais do projeto Nutrition UP 65, cujo objetivo foi avaliar o estado nutricional dos portugueses com mais de 65 anos e aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde, criando mudanças a médio e longo prazo na vida da população idosa.

Os dados obtidos no estudo mostram ainda que cerca de 44% dos idosos apresentam excesso de peso e 39% têm obesidade, sugerindo-se, nestes casos, "uma intervenção prudente", individualizada, adaptada aos gostos individuais, diversificada em alimentos, sabores e texturas, evitando dietas restritivas, de forma a preservar a massa muscular e óssea.

15% da população em risco de desnutrição

Relativamente à nutrição e à hidratação, cerca de 15% desta população apresenta risco de desnutrição, encontrando-se 1.3% desnutridos e 11.6% problemas de hidratação.

Quanto à fragilidade (associada à uma maior morbilidade e mortalidade), 50% dos idosos demonstram sinais desse fator e 30% de pré-fragilidade, valor que baixa para 11,1% no que toca à perda de massa, força e função musculares em consequência do envelhecimento. Os especialistas propõem uma hidratação adequada e uma ingestão apropriada de energia, micronutrientes, fibras e fontes proteicas (como a carne, o pescado e os ovos).

Aos idosos com baixo risco de doença, sugerem uma vida ativa e ao ar livre, uma alimentação baseada em alimentos nutricionalmente densos (fruta e hortícolas), dando prioridade aos pratos tradicionais (tendo como base leguminosas e hortícolas), bem como à sua proveniência regional e sazonal.

Os alimentos com mais e menos sal

Aconselham ainda a moderação no consumo de sal e a prática de exercício físico (através da realização de exercícios aeróbicos e de força), devendo estas medidas ser adaptadas às especificidades de cada um e o estado nutricional avaliado regularmente.

Considerando a elevada prevalência de deficiência (39.6%) e de inadequação (29.4%) de vitamina D registada, os investigadores indicam que uma suplementação desta vitamina "é fundamental para repor os níveis adequados, mantendo, em simultâneo, uma alimentação globalmente equilibrada".

Para os responsáveis, esta suplementação torna-se mais necessária no inverno, visto que na primavera e no verão a prática de atividades ao ar livre (fora das horas maior calor) possibilita a síntese desta vitamina, para além de melhorar a capacidade física e a regulação dos ciclos de sono e de vigília.

Para obtenção dos resultados foram avaliados 1.500 pessoas com idades entre os 65 e os 100 anos, numa investigação que abrangeu uma amostra representativa em termos de região geográfica, sexo, idade e nível educacional e que implicou a recolha de amostras de sangue e de urina.

Este projeto contou com a participação de investigadores da FCNAUP, do Departamento para a Pesquisa do Cancro e Medicina Molecular da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE.

O NutritionUP 65, que se iniciou em abril de 2015, foi financiado pelo EEAGrants - Programa Iniciativas de Saúde Pública - em 519 mil euros.

Os resultados e as recomendações resultantes deste estudo vão ser apresentados quinta-feira, às 14:30, no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, durante o primeiro Seminário de Nutrição e Envelhecimento, que simboliza o encerramento do projeto.