O 56º Congresso Internacional do GIRSO (Groupement International pour la Recherche Scientifique en Stomatologie et en Odontologie) abre hoje formalmente e divulga, pela primeira vez, o resultado do rastreio inovador de cancro oral que “consiste num rastreio aberto a toda a população que utiliza as normas internacionais da OMS”, revela ao SAPO Saúde Joaquim Moreira, porta-voz do congresso de 2012, sublinhando que o cancro oral “mata três portugueses por dia, em Portugal, e cerca de 38 mil pessoas em toda a Europa”.
O 56º Congresso Internacional do GIRSO reune cerca de duas centenas de médicos dentistas e investigadores universitários, na área da Saúde Oral de toda a Europa. O evento, que teve início ontem, dia 24 de maio, e termina amanhã, serve a apresentação dos estudos mais recentes sobre diversos campos da Medicina Dentária.
Segundo Joaquim Moreira, o novo rastreio de cancro oral, lançado na sequência das Jornadas de Medicina Dentária de 2011, realizadas na Alfândega do Porto, apresenta vantagens pois “o diagnóstico de cancro pode ser feito através da biópsia e o diagnóstico precoce poderá em breve ser feito com o recurso a técnicas não invasivas.”
Segundo um estudo, apresentado durante uma reunião Associação Americana para o Avanço da Ciência, as infeções com o vírus do papiloma humano (VPH), transmitidas através do sexo oral, ultrapassaram o tabaco como a primeira causa de cancro da boca e da garganta nos EUA. Para Joaquim Moreira, “o cancro oral não está diretamente relacionado com o sexo oral.” mas “sabemos hoje que o VPH está diretamente relacionado com o cancro oral através da transmissão de mucosas infetadas com este vírus para a mucosa oral. Este vírus agora na cavidade oral leva à desregulação do ADN celular promovendo a transformação maligna.”
Em Portugal, têm vindo a ser estudadas estratégias de diagnóstico precoce do cancro oral, inclusive investigadores da CESPU estão a desenvolver um kit de diagnóstico precoce desta patologia.
O GIRSO é uma sociedade científica internacional que nasceu em França em 1957 e que, rapidamente, passou a contar com médicos dentistas de outros países europeus. Conta com a participação de médicos portugueses desde 1986, na sequência de doutoramentos feitos em França, no início dos anos 80.
Este ano o GIRSO regressa a Portugal para, durante três dias, apresentar e discutir estudos sobre as mais relevantes questões da medicina dentária nas instalações do IINFACTS (Instituto de Investigação e Formação Avançada em Ciências e Tecnologias da Saúde) e do Museu Municipal de Penafiel.
25 de maio de 2012
@SAPO
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