Sabia que os animais de estimação têm superpoderes? Assim o demonstram vários estudos científicos que comprovam que a sua companhia reduz o stresse, diminui a probabilidade de vir a ter uma doença cardiovascular e melhora a autoestima dos donos. Aliás, os portugueses são os europeus que mais consideram os animais como parte da família. Estudos científicos comprovam que ter um animal de estimação preenche a vida dos donos e ajuda-os a serem mais saudáveis.
No entanto, Inês Vicente nunca precisou dessa sustentação científica para perceber que um amigo de quatro patas é muito importante para o seu bem-estar. Em casa dos pais, sempre teve gatos e cães e quando decidiu ir viver com o namorado não lhe passou sequer pela cabeça deixar de ter um animal de estimação. «Aprecio a lealdade e a entrega que têm para comigo. Fazem-me, sem dúvida, uma pessoa mais feliz», diz.
Em sua casa vivem o Pintas, um gato rafeiro, e a Nina, uma cadela labrador. Os dois convivem amigavelmente e são a alegria da casa, juntamente com Mariana, a filha de quatro anos, que também os adora e faz deles os seus companheiros de brincadeiras. «Não há nada melhor do que, depois de um dia intenso, ser recebida à porta pelo Pintas e pela Nina», realça Inês Vicente, mostrando o poderoso laço que a liga aos seus animais.
Mais um elemento da família
Este é um cenário que se vive em muitas casas em Portugal e, de acordo com um estudo da HomeAway, portal de arrendamento de casas para férias, os portugueses são os europeus que mais consideram os animais como parte da família. «A adoção de um animal de estimação no seio de uma família cria um espaço emocional, transformando-o num importante elemento familiar que faz companhia e acompanha», confirma Vera Lisa Barroso.
«Recebe e dá carinho, partilha momentos de vida e cria memórias de cumplicidade únicas e inesquecíveis», acrescenta ainda a psicóloga clínica da Oficina de Psicologia. Uma pesquisa do Euromonitor Internacional, empresa especializada em análises de mercado, mostra que os portugueses estão a adotar mais animais de estimação e, entre todos, preferem os cães (1,8 milhões), seguidos dos gatos (1 milhão).
A melhor escolha lá para casa
Qual o melhor animal para ter em casa? Essa é uma pergunta com uma resposta difícil. Para Vera Lisa Barroso, «é aquele que fizer sentido à família/indivíduo, respeitando naturalmente as próprias necessidades e condições de bem-estar do animal e da própria família que o acolhe. É sensato que, no momento de escolher, esta opção não seja meramente emocional e se avaliem, igualmente, condições adequadas e dignas à adoção do animal. Sejam elas físicas ou até mais relacionadas com o estilo de vida e capacidade económica da família», diz.
Mais do que companhia
Certo é que os benefícios de ter um animal de estimação se fazem sentir em toda a família, ainda que, segundo a psicóloga, «crianças e idosos possam beneficiar, de forma mais intensa, por estarem em fases que se prestam mais ao cuidado de animais». As primeiras, «porque estão a crescer e a explorar o mundo, e experimentam com os animais formas de relacionamento, partilham alegrias, tristezas, medos e pensamentos, usufruem da oportunidade de poder brincar».
Os segundos, «porque poderão ter maior disponibilidade de tempo, maior tolerância, maior capacidade de dar e receber o afeto destes fiéis amigos e companheiros, tão importantes em momentos de maior solidão ou momentos difíceis». Mas afinal que benefícios são esses? A American Heart Association defende, por exemplo, que os donos de animais, sejam eles quais forem, têm melhores níveis de colesterol, um menor risco de virem a sofrer de hipertensão e uma taxa menor de doenças cardiovasculares.
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Porque deve abraçar o seu animal de estimação
Não, não pense que estes resultados estão apenas associados aos passeios com os cães. É uma razão, mas está longe de ser a única. Num estudo feito somente com donos de gatos, por exemplo, descobriu-se que aqueles têm menos 40% de hipóteses de virem a ter um ataque cardíaco. Os investigadores sublinham que, «o simples facto de se abraçar o animal de estimação protege o coração, já que baixa os níveis de stresse e estimula o cérebro a libertar as hormonas calmantes, como a serotonina, a dopamina, a prolactina e a oxitocina [conhecida como hormona do amor]».
Uma outra pesquisa, publicada na revista Science, provou que a subida de oxitocina é sentida também pelos animais. «E isto acontece com cães, gatos, coelhos, hamsters», exemplifica Arden Moore, coach em saúde e segurança animal, que acrescenta ainda que a redução do stresse e a sensação de calma «também é sentida quando se observa as aves e até peixes num aquário», afiança o especialista.
Apoio emocional
Uma outra investigação feita na Universidade de Miami, também nos Estados Unidos da América, revelou que os donos de animais de estimação são mais extrovertidos, mais conscientes do que se passa à sua volta, têm uma maior autoestima e que os animais são um bom desbloqueador de conversas com desconhecidos. Além disso, os animais podem também ser uma poderosa arma contra a depressão, pois, segundo a American Psychological Association, proporcionam apoio social e emocional aos seus donos.
No Japão, na Universidade de Quioto, foi-se ainda mais longe. Os cientistas concluíram que os cães pressentem quando alguém tem atitudes menos corretas para com os donos, demonstrando assim, pela primeira vez, que os cães fazem avaliações sociais e emocionais das pessoas independentemente do seu próprio interesse, ou seja, fazem-no para defender os donos.
Texto: Rita Caetano com Filipa Basílio da Silva
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