O que é?
A diabetes é uma doença definida pelo aumento crónico de glicose (açúcar) no sangue.
A glicose (açúcar) é utilizada pelas células do nosso corpo para produção da energia necessária ao metabolismo, sendo a insulina a hormona responsável pela sua entrada nas células. A diabetes acontece quando há um défice de produção de insulina pelo pâncreas (diabetes tipo 1) ou um aumento da resistência à ação da mesma (diabetes tipo 2).
Segundo o último relatório do Observatório da Diabetes, referente a dados do triénio 2019-2021, a prevalência da diabetes em Portugal é de cerca de 14%, sendo 7,9% referente a diabetes diagnosticada e 6,1% a diabetes não diagnosticada e, como tal, não tratada. Há ainda 28,6% de portugueses que apresentam um estado de hiperglicemia intermédia (pré-diabetes) que não cumpre critérios de diabetes, mas que evoluirá para diabetes na ausência de tratamento.
Como se diagnostica a diabetes?
A diabetes, quando numa fase avançada, pode manifestar-se através do aumento da sede, da fome ou da quantidade de urina, surgimento de candidíase, visão turva ou através de sintomas mais gerais, como o cansaço e emagrecimento. Contudo, a maioria dos doentes diabéticos permanecem assintomáticos por um longo período de tempo, pelo que a deteção precoce da doença é fundamental.
O diagnóstico é feito, habitualmente, pelo médico de família, a partir dos 45 anos ou antes, se existirem fatores de risco. Através das habituais análises de sangue de rotina, feitas em jejum, é possível detetar o aumento da glicose no sangue e aventar o diagnóstico de diabetes ou de estado de hiperglicemia intermédia (pré-diabetes).
O diagnóstico e controlo da diabetes, ou mesmo do estado de hiperglicemia intermédia, tem como objetivo prevenir e retardar o surgimento de diversas patologias associadas, como a doença cardiovascular, a doença renal crónica, a doença da retina, a neuropatia periférica (diminuição da sensibilidade nos membros) e a doença arterial periférica.
Como é tratada a diabetes?
Depois do diagnóstico, o tratamento é definido e ajustado pelo médico de família, com base na avaliação do doente e na apreciação das suas análises e das medições de glicemia no domicílio, tendo em consideração o seu caso específico, patologias associadas e complicações da diabetes já existentes. É dado especial enfoque à correção de fatores de risco como a hipertensão arterial, a dislipidemia (excesso de gorduras no sangue), a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo e o alcoolismo, que contribuem para o surgimento de complicações da diabetes e aumento do risco cardiovascular do doente.
O médico de família pode encaminhar o doente para outra especialidade, caso o incentivo à adoção de um estilo de vida saudável se mostre insuficiente, ou se for necessário realizar exames específicos e/ou tratar complicações da doença - por exemplo, para a Nutrição, Ortopedia, Oftalmologia, ou para consulta de cessação tabágica, entre outras.
A vacinação é outra parte importante do tratamento, para prevenção de infeções que podem ter um prognóstico mais desfavorável no doente diabético e levar à descompensação da diabetes.
É importante realçar que o conhecimento da doença pelo doente é fulcral para o sucesso do tratamento. Neste sentido, é importante que o médico de família esclareça todas as suas dúvidas e procure apaziguar os seus receios, por forma a que estes não interfiram negativamente na adesão ao tratamento.
Que consequências pode ter a diabetes não controlada?
Em praticamente todos os países desenvolvidos, a diabetes constitui a principal causa de cegueira, falência renal e amputação de membro inferior, sendo também uma das principais causas de morte indireta, por implicar um risco aumentado de enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
A prevenção destas complicações requer um seguimento próximo e regular do doente diabético, pelo médico de família, que garanta um adequado controlo da diabetes, bem como a deteção e tratamento precoce das patologias que lhe estão associadas.
Um artigo de Carla Dinis da Silva, médica especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Tejo.
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