A doença coronária é uma assassina silenciosa. Cerca de metade das pessoas que têm um acidente coronário, em linguagem médica, “síndrome coronário agudo”, vulgarmente conhecido por “ataque cardíaco”, não tiveram previamente sinais ou sintomas que o anunciasse. Destes, cerca de 25%, podem ter um evento fatal antes de chegarem aos cuidados hospitalares especializados.

O diagnóstico da doença coronária, hoje em dia, está facilmente ao dispor através de técnicas de imagem cardíaca e da sua repercussão funcional, por testes de sobrecarga com esforço ou farmacológicos. O algoritmo preferido é o uso do TC cardíaco | Angio TC coronário o que permite o diagnóstico anatómico da doença associadamente com a Ecocardiografia de sobrecarga em Esforço, teste que permite o diagnóstico do impacto funcional da DC sobre o músculo cardíaco.

Fatores de risco e sinais da doença coronária

Os fatores de riscos que podem de imediato modificar, porque apenas dependem de nós próprios, são o tabagismo e sedentarismo; os que se podem modificar com algum empenho pessoal e ajuda médica são a diabetes, hipertensão arterial, níveis elevados de colesterol e obesidade; e ainda os que não podemos ainda modificar são fatores ligados à hereditariedade, genéticos, revelados por história de familiares de primeiro grau atingidos prematuramente por acidentes coronários. Neste caso, é primordial a atenção ao controle dos fatores de risco modificáveis e ao diagnóstico precoce.

A idade média dos doentes com ataque cardíaco não se tem vindo a modificar significativamente ao longo dos últimos anos. Por volta dos 60 anos e durante esta década, é o ponto alto de incidência da doença, sendo que os homens são atingidos em cerca de 2/3 dos casos e, por norma, mais prematuramente que as mulheres. Elas acabam por sofrer mais de doença coronária após o fim da fertilidade.

Por diversas razões, o processo de diagnóstico e o tratamento apresentam transversalmente nas mulheres algumas peculiaridades que podem favorecer um prognóstico mais adverso que nos homens.

Quando as artérias formam as tais placas de aterosclerose que impedem a passagem normal do fluxo sanguíneo, ou quando “rompem” e se desenvolve um “coágulo” é preciso “desentupi-las”. Trata-se de um processo normalmente rápido.

No caso de um síndrome coronário agudo, deve ser tão rápido quanto a situação da apresentação clínica o ditar. Aqui o simples eletrocardiograma desempenha um papel crucial. É este exame que “dá a ordem” para os casos emergentes que devem ser abordados por uma equipa de cardiologia de intervenção em menos de uma hora após o diagnóstico. A maioria dos outros casos agudos deve ser abordada nas primeiras 24h. Os casos estáveis e mais crónicos podem ser abordados por via programada.

Doença coronária e prevenção

A doença coronária embora sem cura, tem bons remédios para limitar a sua progressão e intervenções pelos cardiologistas através de cateterismo e angioplastia coronária e pelos cirurgiões cardíacos, por pontagens (bypass) que ajudam a revascularizar a circulação coronária e, assim, melhorar a condição e prognóstico desta doença.

Neste processo é fundamental a motivação e esforço do doente não só na adesão aos tratamentos, mas também na modificação do seu “estilo de vida”, de modo a controlar os fatores de risco aqui referidos.

Um artigo dos médicos Jorge Guardado, Luís Baquero e Rui Caria da Coordenação da Clínica do Coração - Heart Center do Hospital Cruz Vermelha.

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