Apesar de não ser de hoje, a expressão “informação é poder” ganha no presente um peso e alcance compreensível. Nunca na história humana dispusemos de tanta e tão acessível informação. Porém, e recorrendo a uma outra expressão de uso quotidiano, “mais pode ser menos”. O mesmo é dizer que face à abundância de informação, é lícito que nos sintamos perdidos, até mesmo baralhados. Esta questão pede especial atenção quando em causa está um tema sensível: a nossa alimentação e a sua relação com a saúde.
A maioria de nós preocupa-se com o que a comida contém, qual a sua origem e a cadeia de distribuição, de que forma influencia a nossa condição física e a dos que nos estão próximos, nomeadamente os nossos filhos. Para cada um destes itens, deparamo-nos com uma enormidade de informações, de fontes e de protagonistas. Todos estes itens acabam por convergir para um tópico essencial a Segurança Alimentar.
É neste contexto que campanhas como aquela lançada pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e os seus parceiros nos Estados-Membros da UE (ver caixa), nos trazem a segurança de encontrar num mesmo lugar informação esclarecedora e de base científica para inúmeros tópicos relacionados com a alimentação e saúde.
Anteriormente conhecida como #EUChooseSafeFood, a nova campanha #Safe2EatEU, apresenta-se com um compromisso, o de promover a sensibilização dos cidadãos europeus para a segurança dos alimentos e para tomarem decisões informadas nas suas escolhas alimentares.
Esta é uma iniciativa transversal a 18 países europeus, entre eles Portugal (a que se juntam a Roménia, Chéquia, Hungria, Grécia, Estónia, Croácia, Itália, Letónia, Chipre, Eslovénia, Espanha, Luxemburgo, Eslováquia, Áustria, Polónia, Irlanda, Macedónia do Norte). No nosso país a campanha faz-se em parceria com a ASAE.
Facilitar o acesso a informação sobre segurança alimentar
A EFSA parte para esta campanha baseada em factos. Num estudo datado de 2023, em colaboração com a empresa de estudos de mercado IPSOS, quase 70% dos europeus manifestam interesse pela segurança alimentar. No entanto, cerca de 60% consideram a informação sobre segurança alimentar demasiado técnica e difícil de compreender.
Uma campanha que assenta em vários pilares
1. Doenças de origem alimentar
A reter: É importantíssimo seguir as regras básicas de higiene ao confecionar os alimentos, devendo os ovos e a carne ser cozinhados corretamente. A maioria dos casos de toxinfeção alimentar é causada por bactérias provenientes de alimentos crus que entraram em contacto com alimentos prontos a comer.
A Salmonella é um tipo de bactéria que pode causar uma doença chamada salmonelose nos seres humanos. Todos os anos na Europa são registados mais de 91.000 casos de salmonelose.
Nos alimentos, a Salmonella encontra-se principalmente em ovos e carne crua de suínos, perus e galinhas. Pode ser transmitida aos humanos através de alimentos contaminados. Os sintomas da salmonelose humana incluem febre, diarreia e cólicas abdominais. Se infetar a corrente sanguínea, pode pôr a vida em risco.
Os cientistas europeus também analisam os riscos colocados por agentes patogénicos capazes de contaminar alimentos como a fruta, os produtos hortícolas, os cereais e as especiarias. A combinação de alimentos e agentes patogénicos que ocupa o primeiro lugar consiste em Salmonella e vegetais de folha comidos crus, seguida de Salmonella e vegetais de bolbo e caule, como a cebola e os espargos.
2. Técnicas corretas de manuseamento dos alimentos
A reter: Os alimentos são seguros quando são frescos e corretamente manuseados. Por seu turno, alimentos não seguros contendo bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas prejudiciais podem causar mais de 200 doenças diferentes - desde diarreias a cancros, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
As normas europeias e nacionais, apoiadas pela ciência, ajudam os agricultores, as empresas, os restaurantes e os consumidores a garantir que as suas refeições diárias são seguras.
A forma como os alimentos são manuseados é importante. Desde as compras até à confeção e ao consumo, existem dicas que pode seguir relativamente à conservação segura e a práticas de cozinha e higiene na cozinha que o ajudam a desempenhar o seu papel na segurança alimentar.
Os rótulos alimentares são uma fonte de ajuda, indicando o prazo de validade dos alimentos frescos e o valor nutricional dos alimentos transformados. Considere essas informações juntamente com outras coisas que são importantes para si, como o sabor, o custo ou a redução do desperdício alimentar.
3. Importância de ler os rótulos dos alimentos
A reter: A Comissão Europeia estima que até 10% dos 88 milhões de toneladas de desperdícios alimentares produzidos anualmente na UE estão relacionados com a marcação da data nos produtos alimentares. Só em Portugal, estima-se que são desperdiçados cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos por ano.
Desta forma, a marcação de prazos nos alimentos, baseada na ciência, deve ser clara e correta nas embalagens. Uma melhor compreensão e utilização da marcação de datas nos alimentos pode ajudar a reduzir o desperdício alimentar na UE, bem como garantir a segurança alimentar.
Neste sentido, alguma vez se perguntou qual é a diferença entre os rótulos onde consta "Consumir até" e " Consumir de preferência antes de"? “Consumir até” refere-se à segurança dos alimentos, enquanto “Consumir de preferência antes de” está relacionada com a qualidade dos alimentos. Todos os alimentos pré-embalados devem ter rótulos informativos ao abrigo da legislação da UE. Aqui encontra informação pormenorizada sobre esta questão.
4. Promoção de práticas de redução do desperdício alimentar
A reter: Em 2021, os agregados familiares da UE geraram mais de metade do total de resíduos alimentares (54 % ou 70 kg por habitante). Cerca de 16 % são desperdiçados em restaurantes e outros estabelecimentos de restauração, bem como em pontos de venda a retalho, como supermercados e mercearias. O resto é desperdiçado durante a produção e o fabrico.
A UE comprometeu-se a ajudar a reduzir para metade, até 2030, o desperdício alimentar global a nível do retalho e dos consumidores e a reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e de abastecimento alimentar.
Podemos fazer a diferença reduzindo os nossos resíduos alimentares e encorajando outros a fazerem o mesmo.
Em casa, podemos tomar medidas simples, mas eficazes, como o planeamento das refeições, o aproveitamento das sobras, a conservação adequada dos alimentos frescos e cozinhados e a distinção entre as datas “consumir até” e “consumir de preferência antes de” indicadas nos rótulos dos alimentos com base científica.
Do mesmo modo, há hábitos de compra conscientes, como escrever uma lista de compras e comprar apenas o necessário, que ajudam a minimizar o desperdício de alimentos nas lojas ou no mercado.
Também podemos fazer doações de alimentos a pessoas carenciadas através de pontos de venda a retalho e de instituições de beneficência.
Em síntese, o sistema de segurança alimentar da UE assegura que cada europeu tenha o direito de saber como os alimentos que consome são produzidos, transformados, embalados, rotulados e vendidos. Uma vez mais, há que recuperar a expressão “informação é poder”. Partilhe-a através das redes sociais e aceda a mais informação aqui.
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