Na sequência de notícias que dão conta da possibilidade de escassez de alimentos e do aumento de preços dos produtos alimentares, o Ministério da Agricultura veio esclarecer em nota enviada às redações esta sexta-feira, 11 de março, que “não há, à data, qualquer motivo que faça antever a possibilidade de escassez de alimentos”. Já no que respeita ao preço dos produtos alimentares, a mesma fonte sublinha que “verifica-se uma tendência de aumento em toda a União Europeia, devido aos elevados custos das matérias primas, fertilizantes e energia. Esta tendência poderá ser agravada pelo atual conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia”.

O Ministério da Agricultura sublinha que “está, em conjunto com as outras áreas governativas, a realizar a monitorização e acompanhamento permanente relativamente ao abastecimento alimentar nacional. Nesse sentido, reuniu, no passado dia 28 de fevereiro, com o ‘Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Setores Agroalimentar e do Retalho em Virtude das Dinâmicas de Mercado’, não tendo sido reportados quaisquer riscos de rutura no abastecimento”. Entretanto, está “agendada uma nova reunião com este Grupo para o próximo dia 21 de março”, esclarece o referido ministério.

Ainda no que toca ao acompanhamento da atual situação, esta é também realizada através do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), “estando agendada uma reunião da Comissão Consultiva para o Setor dos Cereais com as confederações dos agricultores portugueses, para o próximo dia 18 de março, e uma reunião da Ministra da Agricultura com as confederações, para a próxima segunda feira, dia 14”.

“Portugal importa da Ucrânia, principalmente, cereais para alimentação animal, existindo para estas matérias primas outras origens alternativas (América do Sul e América do Norte), com as quais os operadores têm já contacto. Além disso, estão também em curso operações e contactos com novos fornecedores, como é o caso da África do Sul”, adianta o Ministério da Agricultura.

“Os cereais destinados à alimentação humana, como é o caso dos trigos panificáveis, têm como principal origem de importações França, estando este circuito estável e consolidado. No que se refere a gorduras alimentares, o abastecimento tem sido assegurado, sendo de sublinhar as disponibilidades nacionais de azeite, cuja campanha atual registou um recorde de produção”.

“Em relação aos restantes produtos alimentares, não se verifica pressão no que diz respeito à sua disponibilidade, quer através da produção nacional, quer no quadro do mercado único europeu. Reforça-se que, quer a nível nacional, quer a nível europeu, estão já em funcionamento grupos de monitorização da situação de abastecimento alimentar, entre os Estados-Membros e as Associações representativas da produção, indústria e comercialização, de modo a avaliar e solucionar eventuais constrangimentos nas cadeias de abastecimento”, conclui o já referido documento.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.