A fachada portuguesa da entrada do restaurante, forrada a azulejos contrasta com a decoração interior. O ambiente é sereno, lá dentro, geometricamente organizado. Nove mesas quadradas, de madeira, numa primeira sala, dispostas de forma simétrica. Numa das paredes, quinze espaços da mesma dimensão onde se arrumam produtos para consumir na casa e outros apontamentos orientais.
A parede em frente é um espelho, que cumpre a tarefa (impossível) de tentar alargar o espaço e multiplica as formas geométricas. Há candeeiros colocados de forma equidistante e um letreiro luminoso a indicar “Miss Jappa”.
De um espaço cromaticamente neutro sobressai uma cor: o vermelho. O outro tom vem de fora. É o verde que espreita pelas janelas retangulares longas: de um lado, as árvores do jardim do Príncipe Real, do outro a vegetação do terraço interior. Em dia de calor, é este o espaço mais requisitado.
Miss Jappa é um restaurante que convida para vir a dois, ainda que à hora do almoço se encontrem pessoas sozinhas. Para além das propostas da carta, há quatro menus disponíveis, de terça a sexta-feira, entre as 12h30 e as 15h00, que fazem uma boa abordagem a alguns pratos. O Menu Bao (10 euros), inspirado no prato de cachaço de porco. Vêm dois bao com carne e é acompanhado de chips de batata doce.
O mesmo acontece com o Menu Ramen (13 euros), que vai buscar raiz ao prato quente de Ramen de espinafres salteados, abóbora, shitaké em pó e ovo. Este menu é precedido de uma entrada de ceviche de mexilhão.
Ou ainda o Menu Sushi Miss Japa (14,50 euros) de 12 peças e com entrada de trio de gyozá de frango, camarão e vegetariano.
Optámos pelo Menu Sushi to Sashimi (18 euros) que abre com Misoshiru com cogumelos shitaké de entrada e depois são servidas 14 peças de sushi mais 6 peças de sashimi, nas variedades de atum, salmão, corvina ou carapau. Uma ardósia, mais uma vez dividida em quadrados, só que neste jogo do galo, vamos eliminando peças. Saboroso, leve e com o salmão encostado à lima a dar-nos a frescura que os dias quentes em Lisboa pedem.
Todos os menus incluem uma bebida.
Ao balcão, atarefada, encontramos Anna Lins. Um sorriso, em jeito de desculpa, por não ter mãos a medir às ardósias que precisa de completar com peças de sushi. Mas, ainda assim, a simpatia de nos responder a algumas observações. Estranhamos o facto do balcão se encontrar vazio, apesar do restaurante estar composto. “Nem imagina, mesmo com a casa cheia, há quem se ofenda quando sugerimos os lugares ao balcão”. O sítio onde tanto se pode aprender…
Suspende o raciocínio para contar. “Salmão, corvina,… aqui falta o atum”. A experiência com este espaço está a correr muito bem e, até pela localização, “há noites em que é uma loucura ” e é com desalento que admite que acontece perder clientes, pela reduzida capacidade .
Há zonas em que é possível juntar mesas, mas como a própria admite “têm mesmo de ser muito amigos, porque vão ficar bem juntos!”. O ambiente é tranquilo, ouve-se música de fundo e saboreia-se. A carta é feita muito na lógica de partilhar.
Os huramaki são feitos com rolo de papel de arroz em vez de alga. O Maki tempera de caranguejo casca mole tem a particularidade de poder ser servido em modo de rolo (4 peças) ou temaki.
A gulodice faz-nos passar pela carta das sobremesas. Tarte de chocolate, toffee e gelado de gengibre. Delicioso e empilhado, para que a colher apanhe os vários ingredientes.
Já andam novos pratos na cabeça de Anna Lins. “Ainda estão a ser testados” diz-nos a Chefe, apontando lá para depois dos santos populares a entrada na carta.
Reportagem de Tânia Fernandes (Texto e Fotos)
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