Em Lisboa cruzam-se muitos rostos. Chegam dos quatro cantos do mundo, trazidos por diferentes motivações. A cidade enche-se de gente mas, em grande parte, esvazia-se de olhares, de saudações, de nomes. Somos mais um entre muitos. Outrora, sobretudo a parte mais antiga da cidade, pautava-se por manter o seu carácter bairrista, de lojas pequenas de ambiente familiar.
Receber as pessoas, tratá-las pelo nome, conhecer os seus gostos e proporcionar-lhes produtos portugueses, biológicos e provenientes de pequenos produtores, são os princípios da Mercearia Criativa, na Avenida Guerra Junqueiro, casa a laborar há oito anos.
Na adega localizada na cave do número quatro, uma mesa corrida serve para pousar os vinhos durante as provas comentadas por enólogos que a mercearia organiza, para colocar pratos de petiscos confecionados com os produtos da mercearia, e serve também para embalar a conversa em torno desta iniciativa.
A aposta recai sempre sobre os produtos portugueses, em produtores próximos, sobretudo quando se trata dos biológicos e produtos frescos. Aos legumes e fruta de época, junta-se manteiga e bolos lêvedos dos Açores, ostras de Setúbal, chás e ervas aromáticas de Reguengos, no Alentejo; pão cozido em forno de lenha, também do Alentejo, marmelada da Granja dos Moinhos, croquete de Figo e batata-doce de Aljezur, estes últimos do Algarve.
Um espaço que não convida apenas a entrar, degustar e adquirir. Sazonalmente a Mercearia Criativa convida-nos a meter a mão na massa em workshops orientados e que tiveram já, entre outros momentos, cursos de pão, hortas em casa e ações para os mais pequenos, os mini chefes de cozinha.
Saiba o leitor que se o desejo recair sobre estas coisas de labor e sabor nacional pode saboreá-las em ambiente campestre. A Mercearia organiza piqueniques num jardim lisboeta e também assegura a entrega de produtos em casa.
Na Mercearia cabe, assim, um pouco dos muitos sabores de Portugal.
Texto: Sara Pelicano
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