Um branco de inverno com muito vigor
O novo branco grande reserva da Herdade Vale d´Évora “é um vinho irreverente, quente, que pode gerar discórdia”, graceja o enólogo Filipe Sevinate Pinto. O tema não é novo e suscita a troca de argumentos: pode uma região quente proporcionar grandes vinhos brancos? Filipe Sevinate quer romper o estigma. O Grande Discórdia branco tem o carácter do lugar e igualmente frescura: “É um vinho mais estruturado do que o comum dos brancos do Alentejo, com outro nível de complexidade e frescura”.
Fazer o Grande Discórdia branco 2018 para complementar portefólio estava nos planos da equipa há algum tempo, mas a decisão só é tomada quando o ano vitícola proporciona uma colheita de exceção, explica o enólogo: “Na vindima de 2018, as uvas brancas da herdade estavam muito boas e percebemos que tínhamos potencial para fazer um branco que se distinguisse”.
No Alentejo de Mértola, agreste e quente, o controlo muito atento da maturação das uvas foi também indispensável, assim como ajudou a idade da vinha e a casta usada na criação do vinho, a Arinto, conhecida pela sua extraordinária acidez. O novo Grande Discórdia branco “acabou por ser um varietal porque a Arinto estava completamente destacada em relação aos mostos das restantes castas brancas da Herdade Vale d´Évora”, especifica Filipe Sevinate.
As condições do lugar são determinantes no perfil dos vinhos Discórdia e este novo branco grande reserva não é exceção, ainda assim com apontamentos da presença do estágio em madeira, conclui o enólogo: “Está lá a tipicidade e o caráter do lugar, mas também o método de produção que o atira para outra dimensão”.
Vinha em reduto natural
Os vinhos Discórdia têm origem em uvas colhidas na vinha de 10 hectares da Herdade Vale d’ Évora, situada a poucos quilómetros de Mértola, no Baixo Alentejo. A propriedade de 550 hectares está integrada no Parque Natural do Vale do Guadiana e numa paisagem povoada de matos mediterrânicos, alguns campos de cereais e significativas zonas de reflorestação com azinheiras, medronheiros e pinheiros.
A vinha do Discórdia foi plantada em 2009, em terrenos xistosos com ligeira elevação, voltados a norte e na proximidade do rio Guadiana, estando organizada em talhões de quatro castas tintas (Touriga Franca, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Syrah) e de três brancas (Arinto, Verdelho e Antão Vaz).
A estreia no mercado dos vinhos Discórdia aconteceu em 2012, tendo o projeto nascido pela mão de duas famílias amigas seduzidas pelas terras de Mértola, a de Paulo Alho, natural de Sesimbra, e a de Vítor Pereira, com origens em Vila Nova de Famalicão.
O portefólio da Herdade Vale d´Évora inclui dois vinhos colheita branco e tinto, dois reservas, o monocasta Syrah e os topos de gama Grande Discórdia tinto e branco, só produzidos em anos de exceção.
Vinhos em prova
Discórdia branco 2018 – O inverno especialmente seco e a primavera chuvosa e um início de verão fresco proporcionou uma edição de brancos incríveis, com grande intensidade e estrutura. Cor citrina brilhante. Aroma tropical fresco, flor de laranjeira e mel. Boca cheia, estruturada e frutada, com final fresco.
PVP: 8,5 euros
Grande Discórdia branco 2018 - Produzido a partir de uvas da casta Arinto colhidas na Herdade Vale d´Évora. Teve estágio de nove meses em barricas usadas de 500 litros e apresenta cor cítrica profunda com laivos dourados. Nariz complexo e expressivo, a xisto, cedro e chocolate branco. Na boca, mostra-se texturado e denso, fresco e longo.
PVP: 29, 70
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