A Rua do Almada, na baixa do Porto, viu passar ao longo dos anos diversas figuras eminentes na história da cidade. Mas nenhuma deixou uma marca tão forte como Camilo Castelo Branco. No número 378, o escritor via assomar à varanda Ana Plácido, sua amada cuja relação proibida imortalizou em “Amor de Perdição”.
A história é famosa e ficou gravada na memória coletiva da Invicta: a relação apaixonada de Camilo e Ana era também uma relação adúltera, condenada pela sociedade da época, feita de encontros e desencontros na Rua do Almada. No mesmo edifício, surge o restaurante Camilo – uma homenagem ao espaço que viu nascer uma das paixões mais célebres na história da literatura nacional, e que pretende celebrar o legado cultural do romancista e da cidade.
Uma história feita de encontros e desencontros
O restaurante reaviva as memórias das duas personagens em encontros e desencontros entre sabores e texturas – os novos protagonistas desta história passada na mesma rua, quase dois séculos depois. O tom mordaz e criativo de Camilo encontra paralelo em pratos que jogam com sabores de diferentes latitudes, sem perder de vista o tradicional e a autenticidade das referências nacionais.
Liderada por Diogo Coimbra, a cozinha aposta numa abordagem contemporânea repleta de sabor. Natural de Molelos, Viseu, desde pequeno Diogo tem contacto com a terra, com a produção agrícola, e daí advém o seu respeito e sensibilidade pelo produto.
"O Porto sempre foi um centro cosmopolita que mostrava ao mundo o melhor das várias zonas do Norte. No Camilo, temos a responsabilidade de estar numa rua histórica, cheia de vida. E, por isso, queremos projetar os nossos melhores produtores através de uma cozinha inventiva, aberta ao mundo. Um espírito de viagem que é o alicerce para qualquer boa história", diz o Chef em comunicado.
Uma história servida à mesa
Com uma abordagem vanguardista e muito própria, o menu apresenta um cruzamento criativo de referências nacionais e sabores internacionais. Pequenos contrastes e contradições são introduzidos, ao estilo livre e independente de Camilo, em entradas como Alho francês, molho mornay e presunto, Cavala, gaspacho lacto fermentado e tártaro de tomate ou Leitão, cogolho grelhado e maçã verde. Entre os pratos principais, há uma amplitude de sabores por explorar.
No capítulo do peixe, há lugar para Pregado grelhado, agnolotti e caldo de churrasco ou para Bacalhau, grão-debico e pil-pil. Mas é o Peixe grelhado do dia, trazido diretamente da lota, que rouba a cena, acompanhado por arroz de tomate fumado e bivalves. Nas carnes, o Magret de pato, a Maminha e o Lombo de borrego são apresentados na companhia de purés – de pastinaca, de tupinambo e de ervilha, respetivamente.
Last but not least, há ainda um prato vegan que promete ser um destaque: Couve-flor, molho de amêndoa e feijão branco.
Uma história contada em sabores, texturas e aromas
A carta apresenta, ainda, dois pratos para partilhar sob o verdadeiro espírito de festa e boémia dos grémios literários do século XIX – sem esquecer, contudo, o toque contemporâneo e inventivo da cozinha do Camilo. Paella socarrat, polvo e aioli de alho negro e Entrecôte maturado 45 dias são opções especiais a não perder numa visita a dois.
Para fechar a história, o capítulo das sobremesas apresenta quatro opções: Ananás e coco, Chocolate, Tarte de pera e Mil folhas de café e mascarpone. Cada prato do menu é acompanhado por uma sugestão de pairing com um vinho – tinto, branco, verde ou espumante – pensado especialmente para os sabores apresentados.
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