No ano passado, por volta da mesma data, o evento foi realizado em formato 100% virtual, já que os desfiles com público estavam proibidos num Reino Unido em confinamento total por causa da pandemia da covid-19.

Desta vez, a programação terá 37 desfiles públicos, incluindo a presença de marcas consagradas como Simone Rocha, Molly Goddard, Roksanda, Erdem e Rejina Pyo.

Já os habituais grandes nomes da passerelle londrina, como Victoria Beckham e Burberry, não estarão presentes. Esta última anunciou que fará um desfile da sua coleção outono/inverno 2022 fora do programa, a 11 de março, na capital.

Outros estilistas preferem manter o formato digital, como a rainha do punk Vivienne Westwood, que apresentará as suas últimas criações em vídeo.

Moda sustentável "made in Spain"

O jovem Aparici, de 28 anos, que deixou o setor financeiro para seguir uma carreira na moda, abrirá os desfiles com a sua empresa de roupa sustentável, a SOHUMAN. Com a sua marca de moda sustentável, promete uma "transparência radical".

Este espanhol de Valência começou a desenhar t-shirts, que se tornaram extremamente populares em 2019 no país, depois de serem usadas por competidores no programa de televisão Operación Triunfo, antes de passar para o prêt-à-porter "made in Spain".

Para marcas emergentes como a SOHUMAN, a Semana s Moda de Londres representa uma oportunidade ímpar para dar a conhecer o seu nome, como aconteceu com o jovem albanês Nensi Dojaka, vencedor, em 2021, do prémio LVMH para jovens talentos.

Estees estilistas emergentes são, muitas vezes, ex-alunos da prestigiada escola de moda Central Saint Martins, ou estão entre os criadores selecionados pela incubadora de talentos Fashion East, cujos desfiles tiveram lugar este domingo.

Entre os principais estilistas de moda sustentável, a britânica Bethany Williams e o irlandês Richard Malone vão apresentar as suas criações na terça-feira.

O público poderá acompanhar os desfiles, ao vivo ou gravados, pela plataforma digital lançada pela Semana da Moda de Londres em junho de 2020, em plena pandemia.

Também com a intenção de alcançar as restantes parte do mundo, a sérvia Roksanda Ilincic apresentará um look demi-couture em forma de NFT criado pelo Institute of Digital Fashion.

"Anos muito difíceis"

Depois de ser duramente atingida pela crise sanitária mundial, a indústria da moda britânica, que empregava cerca de 890 mil pessoas em 2019, agora tenta recuperar-se.

Entrevistada pela AFP, a diretora-executiva do British Fashion Council, Caroline Rush, reconheceu que foram "anos muito difíceis", durante os quais os efeitos do Brexit se somaram ao impacto do coronavírus.

A saída britânica da União Europeia, cujas consequências foram plenamente observadas a 31 de janeiro de 2020, "continua a ser um desafio para a indústria da moda, seja por tarifas, burocracia, ou vistos para pessoas trabalharem em diferentes países", explica Caroline.

Em relação à situação sanitária, o levantamento das restrições em muitos países está a permitir o regresso de um público internacional.

"Não teremos pessoas de muitos países asiáticos, que ainda não podem viajar, mas têm representantes no Reino Unido. Então ainda podemos fazer negócios e ver coleções", acrescenta.

Um relatório publicado no ano passado pela Oxford Economics para a Creative Industries Federation e para a Creative England afirmava que, "com o investimento certo", o setor criativo pode recuperar-se mais rapidamente do que a economia britânica como um todo.

O estudo prevê que o setor crescerá mais de 26% até 2025 e contribuirá com 132,1 bilhões de libras (cerca de US$ 180 bilhões) para a economia britânica. Isso representa mais de 28 bilhões de libras a mais do que em 2020.