A dupla de designers Storytailors abriu o 42.º Portugal Fashion, onde foram mostradas algumas das tendências do próximo outono/inverno 18/19. Destaque no primeiro dia do evento para a elegância e coolness dos desfiles de Pedro Pedro e Carlos Gil, que arrancaram palmas ao público e que mexeram com o imaginário das mulheres portuguesas.
Rompendo com as convenções dos desfiles tradicionais, os Storytailors apresentaram uma coleção gender fluid, com peças divisíveis através de fechos e conjugáveis entre si. Isto significa, por exemplo, que metade de um casaco podia ser combinada com a metade de outro. Na coleção '111', dizem os criadores, "as peças existem em mais do que uma dimensão: são reversíveis, manipuláveis ou portadoras de mensagens", pelo que "a liberdade criativa e interpretativa de emoções, de expressão e de partilha é elevada". Nos materiais, os Storytailors privilegiaram o neopreno, as fazendas, o cupro, os jerseys metalizados, a popelina de algodão, a ganga, o cetim, o marocain, a georgette e o tule. As matérias-primas naturais coexistem com materiais tecnológicos e acabamentos metalizados. Quanto à paleta cromática, predominou o branco, o preto, o vermelho, o dourado e o prateado, embora também surjam derivados das cores principais e o azul em gangas.
Com a coleção “I’am “, Alexandra Moura revisitou a sua história pessoal desde a infância à adolescência. Os padrões foram desenvolvidos sob a influência de filmes como “Blade Runner”, “E.T. – O Extraterrestre” e “Encontros Imediatos do 3º. Grau” e vão beber à melancolia e espírito underground de bandas como os Jesus and Mary Chain, The Smiths e My Bloody Valentine e à estética psicadélica dos Primal Scream. A irreverência de Tupac Shakur é também uma influência de Alexandra Moura, sendo responsável pelo olhar socialmente crítico da criadora nesta coleção. Nas suas mais recentes propostas, Alexandra Moura reintroduziu os trench-coats e vestidos oversized e colaborou, pela terceira vez, com a marca portuguesa Duffy no desenvolvimento de puffer jackets e acessórios. Há assimetrias nas roupas e uma relação entre peças oversized e peças ajustadas, que cria um jogo de opostos na silhueta. Nos materiais, o tule delicado, a lycra e o cetim estampados combinam com o jacquard, o algodão e a lã, estabelecendo uma ponte entre o clássico e o contemporâneo. Deve realçar-se, ainda, o uso de tartan em certas peças.
“Machine after machine” é o título da coleção de Susana Bettencourt, que evocou as transformações sociais resultantes da rápida evolução tecnológica. A coleção é também marcada pelo uso de fios únicos e personalizados, criados em parceria com a Fifitex. Como habitualmente, as malhas tricotadas grossas conhecem um grande protagonismo na coleção de Susana Bettencourt, desta vez fundindo-se com a bombazine brilhante. Os volumes são criados com fitas de malhas e franzidos, enquanto o brilho dúbio do chenil combina com jacquards de padrões fortes.
Seguiu-se a coleção de Pedro Pedro, que, em fevereiro, integrou o calendário da Milano Moda Donna, com o apoio do Portugal Fashion. Em Lisboa, o criador apresentou “Le Bureau”, que rompe com o casual sportswear e propõe uma nova abordagem do workwear. Sobressaíram as peças fluidas, de formas soltas e oversize, em que as bainhas se alongam para acentuar uma silhueta mais longilínea. As cores e padrões variam entre o camel, o preto e branco, o azul, o laranja e o verde. Algodões, sarjas brutas, lãs grossas e materiais impermeáveis e protetores estão em destaque nesta coleção, que conseguiu surpreender o público e conquistar outro tipo de consumidoras.
A dupla Alves/Gonçalves desenvolveu, na sua nova coleção, looks de apelo urbano, nos quais se verifica, nas palavras dos criadores, uma "transgressão dos códigos clássicos", um "aproach a um novo feminino" e um "olhar subtil sobre o vestuário de desporto". Tudo isto explorando novas formas e manipulando tecidos, dando-lhes uma nova identidade. Destaque para as estampagens, as plissagens e os “coats“ sobre os tecidos. Os tules, os veludos, as sedas, as rendas e o nylon são os materiais presentes nas novas propostas dos “Manéis”.
De regresso da Milano Moda Donna, onde em fevereiro apresentou as suas novas propostas com o apoio do Portugal Fashion, Carlos Gil "explora o universo da cidade que nunca dorme" na coleção 'Vinte e Quatro Horas'. Os detalhes destas novas criações remetem para o imaginário disco sound dos anos 70-80, combinando a sofisticação urbana e as silhuetas elegantes que já são características do criador com peças sporty para o dia a dia da mulher citadina. A paleta de cores oscila entre tons quentes e frios, ao mesmo tempo que o padrão de riscas confere dinâmica à silhueta que, apesar de reta, transmite movimento através de jogos de cor e pregueados. Uma coleção que se mostrou elegante e cool, mas sem perder o sentido de inovação e originalidade que o designer consegue sempre transmitir, estação após estação.
A TMcollection by Teresa Martins foi a escolhida para encerrar este primeiro dia de desfiles e apresentou a coleção “Forest path – A journey within…”, que reafirma a aposta da marca em tecidos naturais de cores fortes com impressões, texturas e bordados. Para a próxima estação fria, a silhueta é leve, as formas soltas e as cores próximas dos tons da floresta (verdes profundos, azuis, castanhos, magenta e mostarda). Nos materiais foi dada preferência às lãs, sedas e algodões.
Para os quatro dias do 42.º Portugal Fashion, estão programados 34 desfiles de moda, envolvendo 18 criadores, 7 marcas de vestuário, 6 marcas de calçado e 6 jovens designers.
Veja todos os desfiles e curiosidades acerca desta edição no nosso dossier.
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