Todas as peças da “Nuuk” são desenhadas por Joana Carvalho, de 27 anos, e feitas à mão por dois artesãos. Quanto ao resto, que é tudo o que uma empresa precisa, a jovem conta com uma sócia: Paula Paiva, a mãe, de 54 anos, que estava desempregada quanto a “aventura” começou, entre amigos e mercados de rua.
Este ano, a marca esteve no Portugal Fashion e na Moda Lisboa, estreou-se numa coleção masculina e Joana, que é “muito sonhadora”, diz à Lusa que espera, um dia, abrir uma loja em “Nova Iorque ou São Francisco”, nos Estados Unidos.
“Ambiciono sempre coisas grandes”, reconhece a jovem, apontando para janeiro a abertura do primeiro showroom (espaço expositivo) no District, um novo centro empresarial do Porto.
“Temos uma carteira de clientes fidelizada. Já perdemos vendas por não ter um espaço físico”, justifica a 'designer'.
Apesar dos novos projetos, Joana e Paula continuam a fazer tudo sozinhas: duas coleções por ano, vendas 'online', revenda para retalhistas internacionais, negociações com novos mercados e lidar com fabricantes e ‘stocks’, sem deixarem de participar em feiras.
As duas só não estão completamente isoladas porque, explica Joana, têm o apoio de Nelson Vieira, o produtor de moda responsável pelas produções fotográficas das coleções, com quem a jovem desenhou as primeiras peças para homem, lançadas em outubro.
“Nunca pensei que fosse viver disto e que quisesse fazer isto para o resto da vida. Está cada vez mais sério”, observa Joana.
“Tudo foi crescendo de forma que não consigo explicar”, acrescenta Paula Paiva, de 54 anos.
A mãe assume-se como “muito realista” e, apesar dos resultados alcançados, não menospreza o “esforço”.
“É tudo à custa do nosso trabalho. Não tem sido fácil. Mas vivemos disto, as duas”, descreve.
Quando a marca começou, Paula estava ficou desempregada, “sem perspetivas” e “tinha de fazer alguma coisa”.
“Começámos a fazer pulseiras e colares, em latão. Era tudo escolhido pela Joana e nós montávamos tudo. Era quase por brincadeira”, explica.
A profissionalização chegou com os trabalhos em prata, que em outubro de 2014 tiveram a primeira coleção, de 50 peças.
Os contactos internacionais surgiram de imediato, nomeadamente com o Japão e, seis meses depois, as peças da Nuuk estavam num showroom em Paris.
“Não estava nada a ver onde isto ia parar. Não tinha nada pensado, planos, nada”, admite Joana.
A jovem começou por fazer uma licenciatura e uma pós-graduação em Marketing e Publicidade, mas “não estava feliz”.
Seguiu-se um curso de 'design' gráfico e a aposta na área da moda.
“Como sempre quis trabalhar com moda, mas investir em roupa era impossível, porque é necessária mais disponibilidade financeira. Optamos pelas joias”, relata.
A inspiração da 'designer' “vai surgindo” e tanto pode ser “música como arquitetura”.
Por agora, foram as formas geométricas, os anos 90 e o realizador Wes Anderson, já escolhido como “fio condutor” da coleção “quase pronta” para lançar em março.
“Cada coleção tem uma inspiração. Tenho um caderninho sempre comigo e vou pensando no que quero fazer. São seis meses em que vou mudando e alterando a coleção a partir do foco escolhido até chegar à coleção final”, afirma.
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