A estrela da pop Rihanna antecipou a tendência na passerelle da Dior no auge do inverno em Paris, exibindo a sua gravidez numa camisola transparente e cuecas pretas.

A atriz Megan Fox escandalizou com uma micro lingerie à mostra sob um vestido Mugler numa premiação da MTV.

O Salão Internacional da Lingerie de Paris terminou no dia 20 de junho com desfiles que não apenas mostraram corpos esculturais, mas também modelos com tamanhos diversos, como têm feito as campanhas publicitárias.

 Saem as máscaras, voltam as rendas

A lingerie à mostra volta em grande força, após dois anos de máscaras, luvas e ausência de contacto.

"É uma tendência que está muito forte na cultura pop. Rihanna, Cardi B, Kim Kardashian apoderaram-se destes códigos de maneira muito extrovertida e com uma real dimensão feminista", explica à Agência France-Presse (AFP) Renaud Cambuzat, diretor de criação e imagem da marca francesa Chantelle.

O Instagram é a vitrine para este movimento "sexy descomplicado", que está a ser adotado "pelas gerações mais jovens e também entre a meia idade", declarou à AFP Jacqueline Quinn, criadora e professora do Fashion Institute of Technology de Nova Iorque.

A conhecida marca Victoria's Secret abandonou o seu slogan "Um corpo perfeito" e agora expõe uma maior diversidade de modelos, com diferentes idades, tamanhos e estilos, como por exemplo a jogadora de futebol americana Megan Rapinoe, símbolo LGBT.

"Há quatro ou cinco anos, em pleno movimento #MeToo, surgiu uma forte vontade de fazer algo com maior representação. A luta do #MeToo não apenas venceu, mas também abriu novas perspectivas. Há mulheres e marcas com legitimidade" para propor um regresso à lingerie ultra sexy, disse Renaud Cambuzat.

"Não devemos confundir o #MeToo com puritanismo. Uma mulher pode seduzir, por vontade própria" declara à AFP Samar Vignals, da marca Aubade.

Conhecida pelas publicidades a branco e preto, com peças sugestivas e decotes pronunciados, a Aubade passou a mostrar modelos que olham diretamente para a câmara e propõem "uma sedução franca".

Após a "necessidade de conforto" derivada da pandemia, as clientes da Aubade agora querem "mais audácia", garante a estilista.

"As cuecas de fio e a tanga são as nossas campeãs de vendas", destaca Samar Vignals.

Sexualidade desenfreada, mas nem tanto

"Vemos o regresso da sexualidade desenfreada dos anos 2000, códigos que remetem ao arquétipo da mulher objeto mas que já não têm o mesmo sentido (...). Não se trata de uma exigência de sedução, mas de uma reapropriação, de maneira feminista, de trajes sexualizados", explica Benjamin Simmenauer, professor do Instituto Francês de Moda.

Trata-se de "desdramatizar a sedução", explica Aline Tran, fundadora de uma loja de lingerie erótica em Paris.

"Agora fala-se muito mais em aceitar o seu corpo (...) A sedução é um ativo super feminista e faz parte da tendência de retomar o controle do seu corpo", explica.