No seu regresso ao Portugal Fashion, Nuno Baltazar apresentou as suas propostas para a primavera/verão 2015 com uma coleção inspirada na sétima arte e na celebração do feminino. O criador português deixou-se influênciar pelo cinema francês, em especial pelo filme "Le Mepris" de Godard e pela sua personagem principal, representada por Brigitte Bardot. Se os primeiros coordenados não remetem imediatamente para o cinema, este é sugerido pelos cabelos das modelos, ao estilo da icónica estrela dos anos 60.
A colecção representa para Nuno Baltazar um regresso e esta viagem no tempo ao cinema de autor, por oposição à indústria de Hollywood, é um paralelismo com o seu próprio percurso. Desta forma, estão presentes referências a antigos cenários, como o verão mediterrânico, e mitologia clássica, coordenadas com referências a coleções anteriores do criador. As propostas do próximo verão têm como ponto de partida uma mulher simultaneamente forte, sedutora, frágil e emocional, que se traduz em silhuetas helénicas sofisticadas, volumes nos ombros e drapeados. Os materiais escolhidos foram as telas de viscose, cupro e seda natural, com acabamentos metalizados em foild e lurex. No que respeita à paleta de cores, estão presentes o preto e branco, o verde floresta, o vermelho e o rosa blush. Os acessórios tiveram também um grande destaque, como os stilettos em pele, os óculos de sol redondos e os colares.
O dia começou bem cedo, com desfile de Luís Buchinho, por volta das 14h30, no Conservatório de Música. O nome da coleção "Happy Hour" remete para um mood descontraído e esse é um dos objetivos do criador: apresentar um look alegre, leve, fresco. As silhuetas são sedutoras e elegantes e as peças são influênciadas por uma inspiração desportiva retro, mais especificamente pelos fatos de banho, conjugada com uma feminilidade e elegância, presente nos vestidos cocktail. Ao longo do desfile, os coordenados trazem à passerele um espírito de uma "pool party", quer pela cor do corredor escolhido por Buchinho (em verde água) quer pela paleta de cores e materiais eleitos para próxima a primavera/verão: tafetás de seda, malhas de viscose e seda, rendas, organzas e chiffons misturam-se em jogos de transparência e texturas e apresentam-se em tons pastel florais, como o azul céu, nude, lilás ou malva, e em preto, branco e magenta. Apesar de já ter apresentado as suas propostas no calendário da Semana da Moda de Paris, no âmbito do Portugal Fashion, Luís Buchinho apresentou-nos hoje mais três coordenados da sua coleção "Happy Hour".
Os desfiles seguiram para a Alfândega do Porto, e contaram com Árvore, EMP, ESAD e Modatex na plataforma Bloom, destinada a jovens criadores. Também foi o dia dedicado à indústria, com as marcas: Ballentina, Concreto by Hélder Baptista, Cheyenne, Mad Dragoon Seeker by Alexandrine Cadilhe & Daniel Simões. Dkode, Fly London, Goldmud e Alexandra Moura, J. Reinaldo, Nobrand e Sílvia Rebato foram as marcas de sapatos apresentadas na plataforma Shoes, que contou com Cláudia Vieira, uma das embaixadoras desta edição, no desfile.
Carlos Gil apresentou as suas propostas por volta das 17h e para o verão 2015 o designer partiu do espírito desportivo de uma partida de ténis e criou a colecção "Match Point", na qual pontos e linhas criam estampados geométricos e os looks combinam silhuetas estruturadas com uma fluidez e movimento. Desde o primeiro coordenado que a inspiração no court de ténis é evidente: as modelos desfilam com raquetes e fitas no cabelo. Os acessórios sporty completam os looks apresentados numa paleta em que o branco e o preto equilibram tons como o rosa-pó, azul-pó ou amarelo, em padrões de bolas e riscas ou em coordenados de uma só cor. As texturas e materiais, por sua vez, contrastam na sua consistência, rigidez e movimento, às quais o criador deu uma atenção detalhada. Assim, surgem na passerelle saias rodadas combinadas com tops de mangas fluidas, calças esvoaçantes de cintura subida e casacos estrutrados de linhas rectas.
O Mosteiro S. Bento da Vitória foi o local eleito por Nuno Baltazar e Miguel Vieira para desfilar as suas coleções. Miguel Vieira, um dos grandes nomes da moda portuguesa, apresentou uma coleção intitulada de "Elegância Descontraída" inclui Homem e Mulher em estilos opostos, mas tendo em comum o luxo e a sofisticação de um look descontraído. A paleta de cores foi a mesma no menswear e womenswear, composta por tons de branco, lavanda, cru, cinza, azuis e preto, tal como os materiais, dos quais se distinguem tecidos com texturas geométricas (por exemplo, tecidos perfurados), seda, cetim de seda algodão e lã pura. Em Homem, Miguel Vieira propõe uma homenagem ao fato, que reiventa numa silhueta slimfit, mais contemporânea, com um corte elegante e detalhes personalizados, através da incorporação de monumentos portugueses no forro e de padrões conseguidos pela parceria com algumas das melhores casas de lanifícios. Em Mulher, explora o minimalismo do sportswear e apresenta coordenados modernos e práticos, tendo sempre por base cortes e modelos clássicos. A silhueta proposta é fluída ou estruturada, com alguma influência da alfaiataria masculina, mas sempre feminina. Os ténis, ou sapatilhas, usados em todos os looks da coleção, bem como as mochilas que sobressaem pela sofisticação dos seus materiais, revestem as propostas de Miguel Vieira de um espírito jovem, cool e descomplicado.
De volta à Alfândega coube a Dielmar e Fátima Lopes o encerramento da 35ª edição do certame. A marca portuguesa Dielmar apostou nas influências modernas e exóticas de Miami para o verão 2015. O glamour e a arquitectura Art Deco da cidade foram o ponto de partida para uma colecção em tons quentes e com um espírito irreverente. A paleta cromática varia entre os pastéis (rosa flamingo e rosa blush, verde água e verde pistachio, azul céu e azul lavanda), os cinzas e azuis neutros e tons castanhos e beges. Por outro lado, a silhueta varia de acordo com as duas linhas apresentadas pelo designer da marca, Tó Simões, a "Dielmar Weekend Cotton" e a "Dielmar Trend". Com a "Dielmar Weekend Cotton", a marca apresenta como peças-chave os fatos desestruturados, com uma lavagem especial, em materiais ecológicos, como algodão 100% ou misturado com linho ou seda. Os coordenados fazem parte da proposta mais casual e descontraída da Dielmar. A "Dielmar Trend" constitui a linha mais formal, com um grande destaque nos fatos com um corte moderno: o slimfit. Os coordenados têm assim uma silhueta mais elegante, em materiais como lã pura, mohair ou lã de seda. Os acabamentos vintage e os tecidos contrastantes nos forros e na parte de baixo da gola, tal como o laço nas lapelas dos casacos dão aos looks um toque original.
Já a criadora madeirense, Fátima Lopes, fechou a 35ª edição do Portugal Fashion com uma coleção que conjuga os aspetos criativo e comercial e que resulta numa moda acessível, que facilmente transita da passerelle para as ruas. A inspiração para o verão 2015 conjuga as influências das artes gráficas com as silhuetas dos anos 60 e do movimento neo rock. Elegância e uma feminilidade contemporânea transparecem da desconstrução do vestuário masculino, seja por sobreposições e transparências ou por uma reinterpretação do smoking. Cabedal e sedas contrastam, bem como o preto e o branco e as diferentes texturas, dadas pelos plissados, drapeados e de uma mistura de materiais dissociados.Com uma coleção mais acessível, Fátima Lopes decidiu também lançar a sua primeira coleção de calçado, composta por modelos que acompanham o grafismo e o easy chic dos looks apresentados.
O evento teve lugar de 22 a 25 de outubro, em Lisboa e no Porto, e nesta edição contou com vários locais diferentes para os desfiles. Ao todo aconteceram 33 desfiles (individuais e coletivos), 12 deles na passerelle dedicada a jovens designers e escolas de moda: o Bloom. No cômputo geral, o 35.º Portugal Fashion reuniu 27 criadores (jovens e consagrados), 11 marcas de vestuário, seis marcas de calçado e quatro escolas de moda.
Veja agora o dossier da 35ª edição do Portugal Fashion com todos os desfiles.
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