Afetam a vida de milhões de mulheres em todo o mundo. Começam por ser um problema estético mas, se não forem cuidadas a tempo, podem transformar-se numa doença grave. O seu tratamento evoluiu muito nas últimas décadas e as novas técnicas, muitas delas com recurso ao laser, permitem, nalguns casos, acabar com elas de forma eficaz. A eliminação de varizes ainda está associada a um grande estigma que muitas mulheres não conseguem ultrapassar.

Até há relativamente pouco tempo, o pós-operatório era muito doloroso. No entanto, atualmente, pondo de lado a cirurgia tradicional, cujo pós-operatório continua a ser incómodo, as novas técnicas de tratamento de varizes afastam de uma vez por todas o fantasma da dor. Muitos destes procedimentos têm uma recuperação que não ultrapassa, em inúmeros casos, as 24 horas e grande parte deles apenas requer anestesia local ou sedação. Surpreendida?

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As varizes são as veias dilatadas, arroxeadas ou azuladas, que aparecem nas pernas e nas coxas. São, por definição, superficiais, encontrando-se fora da fáscia muscular. De acordo com Emilio Valls, cirurgião geral e diretor clínico da Clínica Luso-Espanhola, com sede no Porto e delegação em Lisboa, "não existem varizes profundas, porque a compressão do músculo evita a dilatação das veias do centro da perna", esclarece. Com o passar do tempo, tornam-se mais volumosas e tortuosas. Afetam, em média, uma em cada 10 pessoas, sobretudo mulheres, que representam cerca do dobro dos casos, fundamentalmente por causa da gravidez.

São acompanhadas de inchaço, sensação de peso e dor nas pernas. Nos casos mais graves, podem surgir úlceras na pele, principalmente no terço inferior da perna. Por que aparecem? A causa é uma deficiência no retorno venoso. O coração bombeia sangue para todo o corpo, através das artérias, que regressa ao coração através das veias. A viagem de retorno é difícil, especialmente nas zonas abaixo do coração, já que o sangue está a circular contra a gravidade.

As veias contam com a ajuda de umas válvulas que impedem que o sangue que sobe para o coração torne a descer. Para além disso, os músculos das pernas, juntamente com a planta dos pés, colaboram impulsionando a subida. O problema surge quando a função valvular falha e o sangue não consegue fazer essa viagem de regresso de forma eficiente. Quando isso se verifica, parte desse sangue estanca e faz com que as veias se dilatem, tornando-se visíveis.

Os gestos preventivos a adotar no dia a dia

Quando o problema perdura, as veias cedem e as válvulas deixam, definitivamente, de funcionar. Para que o retorno venoso possa ser levado a cabo, o sangue tem de procurar outras veias cujas válvulas funcionem, obrigando-as a assumir o lugar das veias danificadas. Isto provoca uma sobrecarga circulatória que dá lugar à sensação de peso e inchaço nas pernas. Para prevenir o problema, evite o uso de calçado demasiado plano ou com saltos muito altos.

Prescinda também da roupa demasiado apertada, que condiciona a circulação sanguínea, como recomendam os profissionais de saúde. No banho, quando tomar duche, aponte o jato de água para as pernas, alternando água quente, a uma temperatura recomendada de 38º C, com água fria. Pode também prevenir as varizes com a alimentação. Coma mais citrinos, ricos em vitamina C, minerais e bioflavonóides, que combatem a inflamação.

Esses frutos estimulam a vasoconstrição e reforçam a resistência das paredes venosas. Reduza também o consumo de sal, um tempero que provoca retenção de líquidos e inchaço. Mesmo em casa, não fique de pé, sem se mexer, durante muito tempo. Se o seu trabalho assim o exige, faça pequenos passeios de hora a hora, optando para fazer pequenas pausas entre uma e outra tarefa. Se necessário, utilize meias de compressão, as chamadas meias elásticas.

Tente também não cruzar as pernas quando estiver sentada. Mantenha-as elevadas e mexa os dedos dos pés de vez em quando. Caminhe um pouco e faça exercício diariamente. Faça ainda massagens suaves, com as pernas ao alto, desde o tornozelo até ao joelho. Evite as temperaturas elevadas e o sol. Os raios ultravioleta danificam o tecido conjuntivo. Não se depile com cera quente. E, por fim, durma com a parte de baixo do colchão um pouco levantada.

Texto: Madalena Alçada Baptista