Hoje em dia, as orelhas proeminentes, vulgarmente chamadas de “orelhas de abano”, podem ser facilmente corrigidas através da cirurgia (otoplastia), uma intervenção fácil e segura, que pode transformar por completo a auto-estima do paciente, seja ele uma criança ou um adulto.
As orelhas descoladas são originadas por uma má formação congénita, em que a orelha não se desenvolve de modo a obter o seu aspecto normal.
Assim, por diferentes elementos que constituem o pavilhão auricular, em especial a cartilagem, não terem a modelação e relevo adequados, conferem a imagem de grandes orelhas ou orelhas de abano, o que desde a nascença se torna evidente.
Esta má formação congénita tem a ver com uma componente familiar e diz respeito ao desenvolvimento dentro do próprio útero. “No entanto, apesar de ter esta componente familiar nem sempre pais com orelhas descoladas têm obrigatoriamente filhos com orelhas descoladas. Existem transmissões de pais para filhos passivas e activas, esta é uma transmissão passiva, podendo ser passada ou não”, refere o Dr. Biscaia Fraga, especialista em cirurgia plástica, reconstrutiva e estética.
Muitas mães quando se apercebem que os seus filhos têm orelhas de abano normalmente acreditam que o problema pode ser corrigido com o uso de fita adesiva, toucas, posição de dormir, entre outras coisas, mas “esse tipo de atitude não muda a situação, porque existe uma marca congénita que não poderá ser modificada sem uma correcção cirúrgica”, afirma o Dr. Biscaia Fraga.
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Quando optar pela cirurgia
Quando o bebé nasce nem sempre o problema é perceptível, mas conforme os dias vão passando o problema começa a ser percebido. Em relação a fazer-se uma correcção em bebé o dr. Biscaia fraga é da opinião que “a correcção das orelhas de abano não é adequada ao bebé, apesar de ser possível tecnicamente. O mais adequado é deixar que os tecidos tenham uma certa consistência”.
A idade ideal para se recorrer à cirurgia é entre os quatro e seis anos, antes de a criança ir para a escola e sofrer com as piadas dos amigos. Muitas vezes esses traumas prolongam-se pela adolescência. Se em termos físicos não costuma causar danos, no aspecto psicológico pode ser assolador, evitando-se muitas vezes o próprio convívio social.
Para evitar este trauma que se poderá arrastar para toda a vida, o melhor é optar-se por uma pequena correcção: a otoplastia, que poderá ser feita tanto numa criança como num adulto.
A preparação para a cirurgia
Os adultos que optam por fazer a cirurgia, ou mesmo os pais da criança, devem consultar um cirurgião que lhes explicará todo o procedimento, “o mais correcto é explicar aos pais o que será feito na cirurgia e também explicar-lhes o que é adequado ou não fazer, pois em alguns casos pode não ter resultados positivos”, refere o Dr. Biscaia Fraga.
Confirmada a indicação da cirurgia, o médico realiza a consulta em que se averigua o estado clínico do paciente. “O principal exame médico necessário para se fazer uma otoplastia é a história clínica da pessoa. Nos países mais ricos do mundo não se fazem análises para se fazer esta intervenção, o fundamental é fazer a história clínica da criança e da família da criança, assim como do adulto que quer fazer a cirurgia. O médico pode solicitar exames complementares em casos que inspirem cuidados como é o caso da diabetes, hipertensão e disfunções ligadas à dificuldade de coagulação do sangue”, explicou o especialista à Estética Viva.
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A anestesia
Se a criança tiver menos de sete ou oito anos a anestesia poderá ser geral. Se a criança tiver mais de oito anos, em adolescentes e adultos, geralmente é feita uma anestesia local. O Dr. Biscaia Fraga é da opinião que “a anestesia geral é muito cara e, para além disso, é mais traumatizante e agressiva do que uma anestesia local”.
Normalmente, esta é uma cirurgia realizada em ambulatório, ou seja, ao fim de algumas horas, dependendo da anestesia aplicada, o paciente terá alta hospitalar.
A intervenção
Esta intervenção cirúrgica “ que tem a duração de cerca de 35 minutos para cada orelha” visa a correcção das orelhas no seu conjunto, quer seja em relação ao seu tamanho como a sua colocação relativamente ao rosto.
Existem vários tipos e formas de orelhas de abano mas, genericamente, “caracterizam-se por a hélix e anti-hélix estarem afastadas mais de um centímetro, um centímetro e meio da parede óssea, tempero-mastóide. Se houver esse afastamento considera-se que a orelha está descolada e que necessita de correcção. A grande maioria tem mais de três centímetros de afastamento, ou seja o dobro.
Assim, esta operação consiste fundamentalmente em fazer a escultura da cartilagem, de tal maneira que o ângulo que é feito entre a concha e o resto do pavilhão fique correcto”, explica o especialista.
O cirurgião faz a marcação da região a ser corrigida, realiza o corte por trás da orelha, retira o excesso de pele, coloca a cartilagem na posição anatómica correcta e sutura. No entanto, existem algumas técnicas diferentes, cada caso exige uma alternativa diferente, ou mesmo uma combinação de várias delas, para um resultado mais satisfatório.
Quanto às cicatrizes, o Dr. Biscaia Fraga diz-nos que “estas não serão visíveis porque ficam na parte posterior do pavilhão auricular e como tal escondidas”. Os pontos serão retirados ao fim de 8 a 10 dias. Quanto à duração da intervenção esta será para toda a vida, muito raramente terá retrocessos.
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Cuidados pré e pós-operatórios
Quanto aos cuidados pré-operatórios o cirurgião afirma que não são precisos grandes cuidados, apenas “tomar um duche com um anti-séptico, lavar o pavilhão auricular muito bem, e nos caso das senhoras, não colocar creme nem maquilhagem.
O paciente deverá estar cerca de uma hora antes na clínica, em jejum, onde tomará um relaxante muscular”. Normalmente, o paciente tem alta algumas horas depois. Porém, mesmo sendo considerado um procedimento de baixo risco, deve ser realizado em ambiente hospitalar, com todos os recursos de emergência disponíveis.
Os cuidados pós-operatórios consistem basicamente, na opinião do especialista, em “dormir com a cabeça mais elevada, com duas almofadas por exemplo, durante os três dias seguintes para evitar as hemorragias. No dia seguinte já pode tomar duche, o penso é então substituído por uma pomada transparente. Não deve praticar qualquer tipo de exercício físico em que haja contacto, durante um mês. Ao fim de 24 horas o paciente pode voltar à sua vida profissional. No caso das crianças convém esperar alguns dias”.
No que diz respeito às dores, o Dr. Biscaia Fraga explica que “o pós-operatório geralmente é indolor e um analgésico comum pode acabar com qualquer incómodo. No entanto, o acompanhamento pré e pós-operatório feito pela clínica, tanto a nível psicológico como físico, é essencial para que corra tudo como planeado e para que não hajam riscos.”
Texto: Stela Martins
Fotografia:Helena Rubinstein
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