O que até ainda há pouco não passava de uma miragem futurista está a caminhar a passos largos para ser uma realidade muito em breve. «Os robôs sexuais chegarão aos bordéis mais cedo do que se pensa», anuncia o site News.com.au na sua edição de 23 de agosto de 2016. «Os bordéis de robôs sexuais vão passar a ser comuns nas ruas da Grã Bretanha», escreve também o Daily Mail. Noel Sharkey, especialista em inteligência artificial, fala num horizonte temporal «de 10 anos».
«A indústria do sexo está a passar por um período de revolução tecnológica», escreve mesmo o jornalista James Dunn. O professor de direito John Danaher já veio a público afirmar que acredita que a massificação da construção deste tipo de robôs, já à venda em países como os EUA e o Japão, poderá, além de combater a escravatura sexual, ainda muito presente em muitos países, vir a reduzir a percentagem de casos de doenças sexualmente transmissíveis.
«Todos os andróides são feitos de fibras resistentes às bactérias e serão limpos de fluidos humanos [após a utilização], garantindo que não haverá qualquer transmissão de doenças entre os utilizadores», afirma Ian Yeoman, um cientista da Universidade de Wellington especializado em futurologia que, no início de 2016, publicou um trabalho intitulado «Robots, Men and Sex Tourism», que aborda a utilização de robôs nos países onde o turismo sexual é maior.
O problema da falta de ligações emocionais
Numa sociedade ocidental onde a falta de tempo para conhecer pessoas e aprofundar relações é cada vez maior, os agentes do setor já se começam também a preocupar com sentimentos. «A tecnologia vai desenvolver-se ao ponto de permitir que os robôs criem laços emocionais com os que os utilizam», acredita o docente da NUI Galway, estabelecimento de ensino universitário que integra a Universitdade Nacional da Irlanda.
No entanto, para a maioria, o novo paradigma que começa a ganhar forma não deixa de ser encarado como mais uma bizarria dos tempos modernos. Noel Sharkey, professor emérito de robótica na Universidade de Sheffield, já veio a público pôr o dedo na ferida. «Da mesma maneira que, com a proliferação da pornografia, muitas mulheres se sentiram pressionadas a corresponder a um ideal, com os robôs vai suceder o mesmo», acredita.
Apesar do debate ainda estar numa fase inicial, nos próximos anos, à medida que a nova industria se for desenvolvendo, a discussão promete acentuar-se. Até porque são muitas as questões éticas que a nova prática suscita. «Se uma pessoa perder a virgindade com uma máquina, como é que conseguirá ter noção do que é estar com uma pessoa de carne e osso?», questiona mesmo Noel Sharkey. «E será que se perde a virgindade com uma máquina? Nós, homens, não a perdemos com a mão», diz.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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