Todos queremos saber que os nossos filhos façam os trabalhos de casa, passem menos tempo diante do computador e do telemóvel, mantenham o quarto limpo e deitem-se cedo. Mas, normalmente, a agenda deles não corresponde ao que idealizámos, pelo que é preciso encontrar consensos.
Embora a insistência seja a estratégia utilizada mais frequentemente para tentar convencer os miúdos a cumprir regras, revela-se, muitas vezes, a técnica menos eficaz, quase nunca levando ao resultado que os pais desejam. Aliás, segundo o U.S. News, essa estratégia pode até ser contraproducente, ao passar mensagens negativas não intencionais e desencadeando comportamentos ainda mais desafiantes.
De facto, quando uma mãe ou um pai pressiona constantemente o filho para executar uma tarefa, transforma esse comportamento num padrão que, por força da repetição, torna-se banal e mais suscetível de ser ignorado. Os especialistas aconselham os adultos a fazer uma reflexão: se a criança está sempre a “pedinchar” ou a queixar-se, o que é que os pais sentem? Pois é, talvez valha a pena meditar na velha máxima: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti…”
Repetir sempre a mesma coisa faz com que os miúdos sintam que os pais não confiam que eles vão executar a tarefa. Claro que eles precisam de monitorização, mas tal não significa uma marcação cerrada, que é tantas vezes a maneira que um pai ou uma mãe encontra para garantir que as suas ordens são cumpridas. No entanto, uma vez que os mais novos, em especial os adolescentes, precisam de aprender a responsabilizar-se e a assumir as consequências das suas escolhas e comportamentos, “chatear” constantemente um filho priva-o da oportunidade de aprender o que é mesmo fundamental.
Por outro lado, pressionar constantemente faz com que a criança pense que o adulto não dispõe de uma forma mais eficaz de comunicar ou provocar mudanças. Os miúdos ajustam-se a esse comportamento, ignoram o que os pais querem e reconhecem geralmente a “a insistência” como ruído de fundo inconveniente em vez de uma diretiva clara que exige uma mudança de comportamento. Isto pode ser difícil de admitir, mas ser “chato” reduz drasticamente o respeito de uma criança pelo pai.
Tendo tudo isto em conta, aqui seguem cinco regras para conversar com o seu filho sobre esta questão. Comece por lhe dizer que, enquanto pai ou mãe, está cansado de ser “irritante”. Explique que quer melhorar a comunicação e que irá fazer essas mudanças imediatamente. Agora que o seu filho sabe o que aí vem, estes são os passos a seguir:
- Quando quer fazer um pedido ao seu filho, certifique-se de que tem a atenção dele, isto é, que há contacto visual entre ambos e que você não está a competir com um ecrã ou outra distração. Se ganhar a atenção dele tiver de implicar pôr-se à frente do computador, faça isso.
- Diga as coisas apenas uma vez, clara, firmemente e sem choramingar ou gritar. Seja específico. “Por favor, desliga o computador daqui a cinco minutos”.
- Solicite uma resposta. Por exemplo: “Por favor, repete o que acabei de te dizer”. Se estiver claro que o seu filho não estava a ouvir, volte ao primeiro passo.
- Decrete logo uma consequência se o seu filho não cumprir o primeiro e único pedido dentro do prazo previsto. “Pedi que estudasses para o teste antes das 19h, e agora é hora de dormir e não estudaste. Amanhã não vais sair”. Este é o passo mais importante porque ensina ao seu filho que o desrespeito tem consequências. É fundamental que cumpra esta regra a tempo inteiro, não importa o quão difícil possa revelar-se. Isto também significa que as consequências devem ser sempre práticas. Por exemplo, não ameace cancelar férias em família se não pretende fazê-lo. Ameaças vazias são tão ineficazes quanto irritantes.
- Reconheça que as consequências naturais são de esperar e que o seu filho não deve ser protegido delas.
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