Ficará com a turma e com o professor que lhe for destinado. Professor que poderá pertencer ou não ao quadro da escola, permanecerá ou não seu professor durante os quatro anos. Fará diferença se for um professor recentemente formado ou com experiência na profissão; se tiver exercido em diferentes escolas com alunos de diferentes meios; se tiver sido sujeito a assimilar alterações constantes vindas do ministério e do agrupamento (como aconteceu nos últimos anos); se o agrupamento aliviar o peso burocrático e estimular práticas de colaboração entre professores e uma cultura de reflexão do trabalho que é feito em sala de aula.
O que se vai passar na sala de aula é uma incógnita para a criança. De que modo será ensinada? O que vai e como vai aprender? O modo como será ensinada dependerá particularmente do professor e da sua visão do que é ensinar e aprender. Dependerá em especial do seu perfil, formação e experiência; figura de autoridade mas não autoritária; figura de rigor e de afetos; figura que tem acompanhado a evolução do nosso tempo; figura que aceita as diferenças; figura que acredita na educação como pilar básico para o exercício da cidadania; figura que ensina, mas deixa partilhar e incluir na aula o que as crianças também sabem, porque lhes dá a palavra, porque sabe gerir o que as crianças trazem consigo, vivido e sentido nas suas famílias e no seu contexto, algo que é concreto e percebido pelos sentidos como é desejável nessas idades.
Nos primeiros quatro anos de escola, quase tudo o que lá é ensinado e aprendido está na vida de todos os dias, na escola e em casa. Com as pessoas, mas também no meio em redor da escola, nas ruas por onde caminhamos, nos lugares onde formos… O desafio é trazer tudo isso para a leitura, para a escrita, para a matemática, para as expressões. As aulas serão iluminadas por esse vai e vem entre a aula e a vida, fazendo com que cada criança sinta pertença da sua turma, e sinta que vale a pena o que está ali a aprender, durante cinco dias em cada semana. E o aborrecimento de professores e alunos terá pouca expressão.
Só basta saber se pais e professores aceitam o desafio, ou, ao contrário, se ficam pelo velho e gasto modelo de escola que, reconhecidamente, já não serve. E como nas crónicas anteriores cá estou eu a repetir “ O seu filho não nasceu aluno “, são-lhe dadas condições para se fazer aluno. Que aluno se quer fazer dele? Convém pensar nisso. Com urgência. É do seu filho que se trata.
Maria de Lurdes Monteiro
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