Questões como “devemos falar de dinheiro com os nossos filhos?”, “não será que com isso lhes estamos a transmitir preocupações e inseguranças desnecessárias?” ou “como posso ajudar o meu filho a ter uma noção do que o dinheiro custa a ganhar”, são algumas das preocupações vividas por muitas famílias atendemos no nosso consultório. Com este artigo, procurarei deixar clara a importância de, desde cedo, começarmos a falar sobre dinheiro com os nossos filhos, não para lhes passar níveis de ansiedade face à vida, mas antes para os tornar pessoas mais responsáveis e, acima de tudo, melhores Seres Humanos.
Saiba dizer não
O termo “educar” vem do latim educare , que significa “extrair o melhor de nós cá para fora”. Tal como os hábitos de reciclagem entraram em Portugal muito por via dos nossos filhos, acreditamos que também os hábitos de poupança estão a crescer pelo exemplo dos mais novos.
A este respeito, acreditamos ser muito importante falar sobre dinheiro com os nossos filhos e, a esse respeito, é fundamental saber dizer que não.
Claro que é bastante mais fácil dizer “Sim” a tudo, até porque todos temos o desejo sincero de dar aos nossos filhos mais do que nós próprios recebemos em crianças. Contudo, um “Não” pode ser bastante mais educativo, na medida em que transmitimos aos nossos filhos que não podem ter tudo, que as coisas custam a ganhar e que, se queremos alguma coisa na vida, devemos batalhar por ela.
Fale sobre dinheiro e envolva o seu filho
Falar sobre dinheiro com os nossos filhos é importante, desde logo porque com isso os podemos tornar pessoas mais conscientes e responsáveis. Claro que não devemos falar sobre dinheiro no sentido de preocupar as crianças ou de lhes passar a ideia de que os pais não lhes conseguem garantir uma vida segura.
Devemos, procurando envolver os nossos filhos nos hábitos de poupança da família. Numa das nossas formações, um pai referiu que analisa as contas da água com os seus filhos, procurando pedir-lhes depois ideias sobre os hábitos que a família adoptar para que no mês seguinte a conta seja mais reduzida. Disse-nos este e pai que os resultados foram imediatos: as crianças puseram a sua criatividade a funcionar e, com o exemplo dos filhos, esta família envolveu-se em pequenas práticas de poupança, como fechar a torneira quando se lava os dentes, tomar duche em vez de banhos de emersão ou aproveitar a primeira água dos banhos para regar as plantas.
Critério do momento de dar presentes
Um outro formando com quem nos cruzámos, contou-nos ter uma família numerosa e que no Natal e nos anos os seus filhos mais pequenos recebiam presentes dos inúmeros tios e amigos. Este pai e a sua mulher, depois dos pequenos receberem tantos presentes, optavam por guardar parte destes presentes para depois, ao longo do ano, os irem dando aos seus filhos em momentos especiais e com critério. Esta família notou com algum espanto que as crianças já nem se lembravam que haviam recebido aqueles presentes, acabando por lhes dar um novo valor e significado.
Utilize o mealheiro
A utilização de um mealheiro é talvez dos hábitos de poupança mais antigos e que as crianças mais gostam. As crianças, mais do que amealhar muito dinheiro, gostam do som e do peso das moedas a cair no mealheiro.
Numa das nossas formações, um pai contava que, para transmitir ao seu filho a noção do valor do dinheiro, fez a experiência de abrir o mealheiro da criança e substituir todas as moedas pelo valor correspondente em notas. A criança, como nos contou este formando, sentiu-se completamente injustiçada e só não lhe chamou ladrão porque não calhou. Felizmente, com o tempo, começou a perceber que o dinheiro aplicado nas suas contas poupança e nos melhores depósitos a prazo do mercado acaba por gerar juros, sobre juros, sobre juros…
Desde muito cedo, as crianças têm mais do que um mealheiro e, com um simples e inocente critério, vão pondo aleatoriamente moedas nos diversos mealheiros, consoante os seus sonhos e objectivos.
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José Morais Barbosa
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