E depois de termos pensado, repensado, negociado, e batido o pé, eis que da short list escolhemos o eleito. Aquele nome que ditara o futuro do nosso filho. Aquele nome que selecionamos estrategicamente, que assegura uma vida de sucessos, e ao qual até já conseguimos associar a carinha do bebé, e não é que até  tem mesmo carinha deste nome???

Até ao momento em que há alguém que tem o desplante, a ousadia, a coragem, de escolher o mesmo nome! Aquele nome, que demorou tanto até lá chegar, que retrata na perfeição a cara e futuro do nosso mais que tudo, vai ter que ser agora dividido com um outro. Azares dos azares, raios e coriscos!

Como é possível, ela até sabia que o meu ia chamar-se assim. Sim, até sei que a ideia seria herdar o nome do pai, mas eu escolhi primeiro! Eu disse na semana passada! Eu adjudiquei o contrato vitalício que me dá posse e propriedade deste nome! Eu construí uma vida a pensar neste nome, nome esse que é totalmente inédito na minha família! Íamos criar uma nova linhagem, uma nova dinastia, regida sobre este nome, nome esse que tantas noites sem dormir me deu. Escolhido a dedo, entre milhares de candidatos, selecionado criteriosamente sem critério algum, só porque defini que assim o será.

Ela, ainda se diz minha amiga. Malandra e safada. "Copiona". Eu escolhi, é meu. Sim, ele até poderia ser o terceiro ou quarto homem daquela família, com esse nome, o bisavô queria mesmo, e bem sei que a avó diz que era o sonho da sua mãe, mas o nome é meu. Meu e só meu! Eu disse primeiro, e isso é tão certo como se o tivesse adquirido no registo civl. Para Grávida que anuncia o nome eleito, vigora a lei do usucapião. Mais ninguém o pode usar , sob pena de ficar sem um dedo ou mão, quão ladrão turco.

Grávida que comunica aos sete ventos o nome tão cautelosamente definido, aboliu a implementação do bom senso e do compromisso. Nada de partilhas, nada de divisão. A conquista pertence à grávida mais rápida, a grávida mais insistente, a grávida com mais jogo de cintura. Abaixo o raciocínio normal e civilizado, as hormonas imperam, e vigora a vontade suprema das  pesadas 36 semanas.

Marta Andrade Maia

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