Todos sabemos que há regras, métodos, procedimentos e políticas que os pais têm de seguir. São elas: não dar aos filhos comida de plástico, não os deixar deitar tarde nem ficar horas a ver televisão, não permitir que usem certo tipo de linguagem enquanto não tiverem idade para isso (a este respeito, espere pela regra 76).

 

O que os pais compreendem é são poucas as regras que podem infringir sem uma boa razão para tal. Sim, devemos dar-lhes uma alimentação boa e saudável e cinco refeições por dia, mas quando chegamos a casa cansados após um longo dia de trabalho, não é o fim do mundo se uma vez por outra lhes dermos umas barrinhas de peixe.

 

É uma questão de pensarmos bem no que de pior poderá acontecer se infringirmos determinada regra. É claro que se formos no carro e não pusermos o cinto de segurança, o pior que pode acontecer é terrível, por isso o melhor é não infringir esta. Mas se não lhes dermos banho antes de deitar porque estamos absolutamente exaustos – vamos lá, o que pode acontecer assim de tão mau?

 

Estas primeiras regras são regras para que os pais possam manter a saúde mental. E o que conta nesta quarta regra é reconhecer que é mais importante que os seus filhos tenham pais com uma mente sã e que saibam relaxar do que nunca comerem barrinhas de peixe. Há pais que complicam a própria vida porque acham que é essencial cumprirem sempre escrupulosamente todas as regras. Afligem-se com as mais pequenas coisas.

 

Um casal amigo foi, certa vez, passar o dia fora com os dois filhos e a excursão começou com um passeio num comboio a vapor. O mais novo tinha apenas uns meses de vida e o outro dois anos. Só que quando saíram do carro, junto à estação, é que repararam que o de dois anos não levava sapatos. É claro que existe uma regra, embora não escrita, que diz que não devemos levar os filhos descalços para passeios em comboios a vapor.

 

Este casal tinha duas hipóteses: ou desistiam do passeio de comboio ou iam mesmo com o miúdo descalço. É evidente que o garoto preferiu a segunda hipótese e dirigiu-se para o comboio com ar determinado, apesar das circunstâncias.

 

Isto colocou-os perante mais outras duas opções: passar o dia mortificados ou pôr as preocupações para trás das costas. E, como sabemos, a opção mais sensata em relação às regras é deixar as preocupações de lado. Ou os pais – e o filho de dois anos – desfrutavam de um dia fora sem sapatos, ou ficavam estressados com algo que não poderiam alterar, estragando assim o dia a todos.

 

Foi uma daquelas ocasiões em que houve necessidade de infringir uma regra (mas, como é evidente, não seria o dia mais adequado para também infringir a regra do banho antes de deitar).

 

Portanto, a moral da história é esta: se você insistir em que todas as regras têm de ser cumpridas sempre, estará a infringir a regra 1. Pois é!

 

Ideia-chave:

A opção mais sensata em relação às regras é deixar as preocupações de lado.

 

 

Texto adaptado por Maria João Pratt
Fonte: 100 regras para educar o seu filho (2009), de Richard Templar - Editorial Presença

 

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