Maria Pereira e Tiago Alves (nomes fictícios) nunca tiveram uma convivência fácil mas a situação piorou após o nascimento de Carlota, atualmente com quatro anos. «Ele, quando se irritava, dava murros e pontapés nas portas. Um dia, puxou-lhe os cabelos e, a partir daí, começou a bater-lhe», relata ao Modern Life fonte próxima da formadora de 28 anos. No início, ela escondeu o problema da família, desabafando apenas com uma amiga.

Um dia, cansada de a ver sofrer, resolveu alertar a família. «De início, ela negou. Mas, um dia, acabou por admitir e, depois de uma agressão, saiu de casa, há para aí uns dois anos», refere a mesma fonte. Desde essa altura, multiplicam-se as ameaças de morte. A ela e à família! Depois de várias queixas na PSP, Tiago Alves foi proibido de se aproximar de Maria Pereira. Ainda assim, ontem acompanhou-a a uma consulta de psicologia da filha.

«A criança já anda em psicólogos há algum tempo, até por sugestão da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, que tem acompanhado o caso. Enquanto estava lá dentro com o especialista, na sala de espera do consultório, que por infelicidade do acaso estava vazio, ele agrediu-a novamente», denuncia a mesma fonte. Apesar dos conselhos da família, Maria Pereira recusou-se a ir ao hospital. Mas voltou a apresentar queixa.

«Não deixa de ser irónico ter acontecido no Dia da Mulher, uma data em que geralmente este tipo de violência até é falado», acrescenta ainda. Em 2015, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), registou perto de 2.000 queixas de violência doméstica, um número que, ainda assim, está longe de refletir a realidade nacional, uma vez que a maioria das vítimas de maus tratos físicos e psíquicos tem medo de o denunciar.

Texto: Luis Batista Gonçalves