“A ideia é criar um modelo de tutoria, para ser depois validado, que seja mais uniforme nas diferentes escolas do país”, disse à agência Lusa Francisco Simões, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC, que realizou a sua tese de doutoramento no âmbito do projeto de investigação.

O projeto foi desenvolvido, nos últimos quatro anos, por uma equipa de investigadores daquele estabelecimento do ensino superior.

 

“A implementação efetiva do professor-tutor nas escolas terá um forte impacto na redução do absentismo e insucesso escolar”, realça uma nota divulgada hoje pela assessoria de imprensa da Reitoria da Universidade de Coimbra.

 

Recordando que, na última década, foram publicados diplomas e algumas recomendações do Ministério da Educação nesta área, Francisco Simões disse que ainda “não há uma regulamentação mais fina, mais precisa, quanto às funções e práticas” da figura do professor-tutor nas escolas.

 

“A implementação de um programa regular de tutoria no sistema de ensino básico português, prestado por professores, terá um forte impacto na redução do absentismo e insucesso escolar”, salienta a nota da UC, citando o estudo.

 

A pesquisa incluiu o acompanhamento, ao longo do ano letivo de 2010/2011, de 277 alunos do 2.º e do 3.º ciclos do ensino básico, “com percursos educativos irregulares e marcados pelo insucesso, divididos por dois grupos: alunos acompanhados por professores-tutores e alunos de controlo, de um grupo equivalente”.

 

Este trabalho visou “avaliar a eficácia do TUTAL, um programa de tutoria escolar concebido de raiz em Portugal”, entre 2005 e 2009, no âmbito do projeto Itineris – Sistema de Aprendizagens Globais para a Empregabilidade, financiado pela Iniciativa Comunitária EQUAL, do Fundo Social Europeu.

 

A intervenção decorreu nos Açores, nas escolas básicas integradas de Arrifes, Rabo de Peixe e Ribeira Grande, na ilha de S. Miguel, e nas escolas Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade e Básica e Secundária Tomás de Borba, na ilha Terceira, com apoio da Cáritas da Terceira e de organismos do Governo Regional dos Açores. No Continente, participaram algumas escolas do Algarve.

 

Os resultados do estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e com vários artigos publicados em revistas científicas internacionais, mostram a existência de diferenças significativas entre os grupos de alunos.

 

“Os alunos que beneficiaram de tutoria passaram de um resultado escolar médio negativo, no ano letivo anterior à aplicação do programa, para um resultado escolar médio positivo”, segundo Francisco Simões.

 

Por outro lado, “enquanto os alunos do grupo de controlo (que não beneficiaram de tutoria) registaram um aumento do número de faltas injustificadas, entre o final do ano letivo 2009/2010 e o final do ano letivo 2010/2011, os alunos que estiveram inseridos no TUTAL reduziram em 50% o nível do absentismo injustificado”, adiantou.

 

“Os alunos que beneficiaram da intervenção tutorial registaram melhorias no que diz respeito ao seu sentido de competência na aprendizagem e integração na escola, entre o início e o fim do programa, comparativamente ao grupo de controlo”, acentuou o investigador.

 

Lusa