
A polémica que a versão portuguesa do programa de televisão "Supernanny" está a causar já é notícia lá fora. Nos últimos dias, a agência noticiosa Agence France-Presse e os jornais suíços Le Matin e Tribune de Genève deram conta da onda de contestação que o novo reality show da SIC está a gerar. "O programa que procura ajudar os pais que não conseguem dar conta dos filhos é acusado de atentar aos direitos das crianças", pode ler-se.
Os diferentes meios internacionais que noticiam a polémica citam a Unicef Portugal, que em comunicado afirmou que o reality show "vai contra o interesse superior das crianças, violando alguns dos seus direitos, nomeadamente o direito da criança a ser protegida contra intromissão na sua vida privada", além das críticas da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos das Crianças e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ).
O Instituto de Apoio à Criança, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados e a Ordem dos Psicólogos Portugueses também já se insurgiram publicamente, assim como o psicólogo Eduardo Sá e o pediatra Mário Cordeiro, que anunciou nas redes sociais um boicote público ao canal de televisão. "Aqui fica solenemente declarado que não tenciono aceitar nenhum convite da SIC enquanto o programa (...) estiver no ar", assegura.
Ontem, ficou-se também a saber que, face à controvérsia gerada, o patrocionador principal, a Corine de Farme, desistiu do projeto. "O tumulto social em torno do mesmo não é compatível nem com a imagem da nossa empresa nem com os nossos objetivos comerciais", tinha já afirmado, na passada semana, ainda antes da decisão tomada, Sara McLeod, gestora de produto e comunicação da marca, à revista Visão.
A SIC, por seu lado, continua a insistir no caráter pedagógico do programa. "São abordadas situações reais, ocorridas em ambiente familiar, de um modo responsável, não exibicionista e sem explorar situações de particular fragilidade (...) Aborda situações comuns a muitas famílias, com um mero intuito pedagógico, não substituindo qualquer diagnóstico e/ou aconselhamento psicológico", defendeu já publicamente o canal.
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