A Polícia Judiciária recebeu em média, em 2012, seis participações por dia de crianças e jovens desaparecidos, que totalizaram 2.366 casos, menos 226 face ao ano anterior, segundo dados da PJ avançados à agência Lusa.

 

Divulgados a propósito do Dia Internacional da Criança Desaparecida, que se assinala no sábado, os dados indicam que no ano passado desapareceram 4.097 pessoas, das quais 1.677 (40,69%) eram jovens entre os 15 e os 18 anos.

 

Do total de desaparecimentos, 514 (12,55%) eram adolescentes de 13 e 14 anos, 90 (2,20%) tinham idades entre os 10 e os 12 anos e 85 (2,07%) entre os zero e os nove anos.

 

Segundo a PJ, duas dezenas de casos registados no ano passado ainda permanecem em investigação.

 

Em declarações à agência Lusa, o diretor da Unidade de Informação e Investigação Criminal da PJ afirmou que o grupo dos 15/18 anos apresenta "uma taxa de reincidência muito significativa".

 

Veríssimo Milhazes deu o exemplo do caso de dois jovens que, entre 2010 e 2012, fugiram 33 e 36 vezes.

 

Este grupo também apresenta um "elevado número de regressos voluntários", que acontece "no período de um ou dois dias", sendo a sexta-feira o dia em que se regista o maior número de desaparecimentos.

 

Segundo o responsável, há dois fatores que estão associados aos desaparecimentos dos jovens dos 15/18 anos, um deles é a Internet.

 

"O menor quando se ausenta de forma voluntária muitas vezes deve-se à internet, porque vai ao encontro do amigo virtual", explicou.

 

Para sensibilizar os jovens para os problemas que isso acarreta", a PJ tem ido às escolas para advertir os jovens que, "quando o amigo virtual reencarna, pode ser o inimigo".

 

Outro fator é o "conflito geracional intrafamiliar", que "vai existir sempre". Nestas idades, quando o caso termina o pai ou mãe geralmente diz aos filhos: se me tivesses dito alguma coisa eu teria ajudado.

 

"Para que isto não ocorra é necessário que neste conflito geracional intrafamiliar haja um canal aberto ao diálogo para que esta resposta no final seja logo dada no início", adiantou.

 

No grupo 0/12 anos, os motivos que levam ao desaparecimento das crianças são os conflitos entre os pais que acabam em rapto parental ou subtração de menores, que estiveram na base de 3,7% dos casos em 2012, que não aumentou face a 2011.

 

"No fundo não é um desaparecimento, mas sim um paradeiro desconhecido porque a criança está com um progenitor ou outro familiar em parte incerta, que pode ser no estrangeiro", explicou.

 

Neste momento, "procuramos menores no estrangeiro, como procuramos menores estrangeiros em Portugal", referiu.

 

Veríssimo Milhazes lembrou a importância de comunicar o desaparecimento às autoridades logo nas primeiras horas, porque pode estar associado a um crime.

 

Quando as crianças desaparecem de forma involuntária, o desaparecimento pode estar associado a vários tipos de crime, como abusos sexuais, homicídios, raptos, lenocínio, tráfico de pessoas.

 

"Se não atuamos nas primeiras 24 horas podemos pôr em causa tudo o resto", frisou.

 

O total de pessoas desaparecidas baixou 9% em 2012, comparativamente a 2011, ano em que já tinha baixado 6,7% em relação a 2010.

 

"Quero acreditar que a redução do número de pessoas desaparecidas se deve a uma maior interligação entre pais e filhos", mas também está a haver "um trabalho preventivo que é muito importante", adiantou.

 

Lusa