"Este problema arrasta-se desde setembro, já falámos várias vezes com a Câmara sobre o assunto, mas a empresa continua a não servir comida suficiente às crianças e a autarquia não a obriga a cumprir o que está estabelecido no caderno de encargos", declarou hoje à Lusa o presidente da referida associação de pais, Luís Moreira.

O contrato entre a Câmara e a empresa Gertal, a que a Lusa teve acesso, define, por exemplo, que nos pratos de assado seja distribuído um quarto de frango por cada aluno, mas o representante dos pais afirma que "só é servida uma coxinha por criança, das pequenas, o que a própria nutricionista da empresa de refeições já disse ser insuficiente".

Para Luís Moreira, isso significa que, "em vez de um frango dar para alimentar quatro crianças, está a ser repartido por umas 10", o que totalizará 35 aves para alimentar os atuais 350 estudantes que diariamente têm a sua refeição na escola.

Vigente até ao verão de 2016, o contrato com a Gertal também estabelece que cada dose de melão, por sua vez, deverá pesar um mínimo de 250 gramas, "mas um pai que foi à escola comprovar o que se passava ao almoço fotografou uma fatia de meio centímetro de espessura e, ainda por cima, elas eram todas tão maduras que foram para o lixo".

Também já aconteceu "a Gertal enviar almôndegas cruas para serem servidas às crianças", ao que se acrescentam casos de massa de peixe com espinhas, esparguete apenas "com aroma a atum, mas sem a proteína" e situações recorrentes de falta de refeições para o segundo turno do almoço.

"No início do ano foi um caos porque faltava constantemente comida e chegou-se a ter que pedir reforço duas vezes no mesmo dia - até em dia de inspeção dos pais à escola, que é quando se espera que as coisas corram melhor", revela Luís Moreira.

"A Câmara dizia que a situação ia melhorar quando abrisse o centro escolar de Anta, porque a Espinho 2 estava sobrecarregada com as refeições das crianças dessa freguesia, mas essa escola já abriu em janeiro e, mesmo com menos miúdos aqui, o problema continua", declara o representante dos encarregados de educação.

Que a Gertal alegadamente pretenda cortar na dose de alimentos disponíveis, Luís Moreira diz que "até se percebe, porque é mais dinheiro que lhes fica no bolso". A postura da Câmara é que o presidente da Associação de Pais considera "inadmissível", porque a autarquia "tem a obrigação de fiscalizar o que acontece aos dinheiros públicos e não está a fiscalizar nada disto, o que significa que há aqui alguma situação menos clara".

Contactada pela Lusa, a Gertal não se disponibilizou para comentar o assunto. Já a Câmara de Espinho, remeteu para mais tarde os seus esclarecimentos.