Alexandra Bento e André Silva visitaram hoje a Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos, em Lisboa, para observar a qualidade das refeições e alertar para a importância da educação alimentar durante a infância e para a promoção de hábitos alimentares saudáveis.

A má qualidade e pouca quantidade das refeições escolares têm sido denunciadas através de fotografias divulgadas por pais e encarregados de educação, que apresentaram cerca de 70 queixas à Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares (DGEstE)

“Há problemas alimentares nas escolas”, mas “numa dimensão muito diversa”, que passa pelas cantinas, pelos bares, pelas máquinas de venda automática e chega mesmo ao que as crianças levam nas lancheiras, disse a bastonária.

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Na sua opinião, “dizer-se que é só nas cantinas” ou que a situação se deve “ao binómio administração direta/concessão das refeições” é tratar “o problema de uma maneira muito leve”.

Para Alexandra Bento, a base do sistema deve assentar em regras, que devem ser revisitadas periodicamente e supervisionadas, e na presença de nutricionistas nas escolas para acompanhar a alimentação das crianças.

Esta posição também foi defendida por André Silva, do PAN, que alertou para a necessidade de ser o Estado a fiscalizar a qualidade da alimentação nas escolas.

“O que temos concluído ao longo do tempo e que vimos confirmar é que há uma clara falta de fiscalização por parte do Estado relativamente à qualidade nutricional e ao equilíbrio das refeições escolares que são disponibilizadas”, disse o deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza.

Para André Silva, o “grande problema” reside no facto de serem as próprias empresas que distribuem a comida a fazerem a fiscalização.

“Não há, por parte do Estado, quem faça essa fiscalização” e as queixas dos pais são “fruto de deixarmos nas mãos das empresas não só a confeção da comida, mas acima de tudo a fiscalização”, criticou.

Por outro lado, defendeu, são precisos mais nutricionistas na escola pública e no Serviço Nacional de Saúde para “garantir um melhor equilíbrio nutricional”, uma medida que, a longo prazo, “vai retirar pressão” ao SNS.

“Enquanto não mudarmos a forma como fazemos as refeições, os critérios de atribuição de concessão da elaboração das refeições e, principalmente, enquanto não houver fiscalização por parte do Estado, que não a tem feito, este problema vai persistir”, rematou

Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação explicou que este ano foi iniciado um novo período de contratualização, por três anos, com as empresas prestadoras de serviços em refeitórios escolares.

“É aceitável que exista um tempo de ajustes do serviço, e tendo em conta, acima de tudo, que são servidos cerca de meio milhão de refeições diárias nas escolas públicas de todo o país”, refere.

O ministério salientou, no entanto, que a DGEstE “segue atentamente todas as queixas reportadas, analisando e intervindo efetivamente junto das empresas fornecedoras de forma à imediata regularização dos casos sinalizados”.

No final da visita, Alexandra Bento e André Silva disseram à agência Lusa que esta escola “é um bom exemplo” nesta matéria, ao contrário de uma escola do mesmo agrupamento que visitaram em setembro.