Em 2016, o rendimento ‘per capita’ médio das famílias era de 187 euros. Nas que têm crianças esse valor é de apenas 146 euros e nas que não têm é de 225 euros, refere o estudo "Utentes de instituições de solidariedade social - Uma abordagem à Pobreza nesta população", realizado pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da UCP em parceria com o Banco Alimentar e a Entrajuda.

Este estudo, que apresenta os resultados de 1.466 inquéritos a famílias recolhidos em finais de 2016, constitui a quarta edição de um projeto iniciado em 2010, que tem sido repetido de dois em dois anos a uma amostra de instituições pré-definida pelo CESOP, permitindo acompanhar a evolução de famílias que assistem.

No ano passado, 67% das famílias dispunham de rendimentos mensais líquidos abaixo dos 500 euros, um facto que tem sido constante nas várias edições do estudo.

Segundo o estudo, o escalão mais alto de rendimento (501 euros ou mais) alcança o maior valor percentual de sempre, abrangendo 33% das famílias. Contudo, apenas 12% apresentam rendimentos superiores a 750 euros.

Em cerca de metade das famílias, a pessoa que mais contribui financeiramente não tem instrução ou apenas o primeiro ciclo do ensino básico, e apenas 5% têm um grau superior.

“Os agregados familiares com menores rendimentos correspondem a respondentes com menos escolaridade, com mais idade e com agregados familiares mais pequenos”, sublinha a investigação, a que a agência Lusa teve acesso.

O estudo revela que apenas 29% das famílias têm rendimentos provenientes do trabalho, “o que não invalida a existência de outros apoios sociais a complementarem o rendimento total das famílias”.

Os rendimentos oriundos de reformas ou pensões são os mais expressivos na amostra, referidos em 36% dos casos, “o que não é estranho, uma vez que 21% dos respondentes têm 65 ou mais anos”.

Nos dois escalões mais altos, a partir dos 401 euros, o trabalho e o abono de família assumem-se como duas das principais fontes de rendimento.

O Rendimento Social de Inserção (RSI) está presente em todos os escalões de rendimento, sendo mais expressivo nos mais baixos.

De acordo com o estudo, em 47% das famílias há pelo menos um desempregado. Destes, 68% estavam desempregados há mais de dois anos.

“Estes valores podem ser a razão para que em mais de metade das famílias (55%) o rendimento familiar nunca seja suficiente para viver”, sublinha o estudo, adiantando que, em 2016, apenas 13% das famílias disseram que o seu rendimento é sempre suficiente para viver.

Em 44% das famílias, uma ou mais pessoas sofre de doença ou deficiência (47% em 2014 e 48% em 2012), situação que na grande maioria dos casos condiciona a vida dessas famílias, porque impede essa pessoa de trabalhar (33%), implica muitas despesas (29%) ou exige muitos cuidados pessoais (19%).