Mais de quatro mil crianças foram sinalizadas em Lisboa, em 2013, como sendo vítimas de violência doméstica, abandono escolar e negligência, entre outros, revelou hoje o presidente da comissão nacional de proteção de crianças e jovens (CNCPJ).
"Lisboa, apesar de envelhecida, tem um número bastante elevado de problemas com crianças que chegam às comissões. Em 2013, foram registados 4.349 processos", disse Armando Leandro.
O responsável falava durante o I Encontro para os Direitos da Criança, que decorre hoje em Lisboa.
Segundo o presidente da CNPCJ, Lisboa representa 6,1% da totalidade dos processos do país.
"É um número muito pesado que nos deve interrogar", considerou.
Armando Leandro disse ainda que há a registar uma mudança na faixa etária registada nos processos, que passou maioritariamente para os 15-21 anos relacionado com o aumento do ensino obrigatório até ao 12 ano.
As principais situações a que estas crianças são vítimas são "comportamentos que põem em perigo o bem-estar e o desenvolvimento das crianças [violência doméstica indireta], negligência e abandono escolar", indicou.
As autoridades policiais e a escola são os principais sinalizadores destes problemas.
Referindo-se ao trabalho desenvolvido pelas comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ) de Lisboa, pelas escolas e por todas as organizações envolvidas nesta área, o responsável congratulou-se por "Lisboa estar decidida a ser uma cidade verdadeiramente amiga das crianças e jovens".
Quanto à crise económica que o país atravessa, Armando Leandro disse "não existirem dados" que os relacionem com os casos sinalizados, mas considerou que "causa mais" situações destas.
Numa curta apresentação, as quatro CPCJ de Lisboa queixaram-se de vários problemas em comum, nomeadamente, a falta de instalações dignas, de um jurista, de técnicos de saúde e de uma supervisão técnica, entre outros.
Quanto ao trabalho no terreno, a CPCJ Lisboa Norte referiu que sinalizou em 2013 um total de 1.440 processos, enquanto até maio deste ano já tem 1096 casos sinalizados.
"Estamos muito preocupados", admitiu a responsável Nélia Alexandre, acrescentando que há um "número maior de bebés sinalizados à nascença", a maioria devido a mães adolescentes.
Na CPCJ Ocidental, houve no ano passado 699 casos trabalhados, a maioria devido a negligência, abandono escolar e violência doméstica, enquanto na CPCJ Ocidental foram registados 1.058 casos.
O I Encontro para os Direitos das Crianças é organizado pelo pelouro dos Direitos Sociais da Câmara de Lisboa, tendo a sessão de abertura estado a cargo do vereador João Afonso.
Por Lusa
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