Normalmente, os pais deixam os filhos na escola e "seguem caminho", mas hoje a rotina de alguns mudou devido à greve de professores.

A manhã começou com alunos a entrarem "sem destino certo" no edifício dos 2.º e 3.º ciclos e no centro educativo do 1.º ciclo do ensino básico da escola e pais a esperarem fora para saberem se os filhos tinham ou não aulas. "Hoje não deixei as minhas duas filhas na escola e fui embora como é normal. Tive de esperar para saber se tinham ou não aulas", contou à Lusa Hugo Rosa, de 42 anos.

As filhas, uma de 11 anos e outra de 14, que frequentam, respetivamente, o 6.º e o 9.º anos, acabaram por ficar na escola, porque tiveram as primeiras aulas da manhã, mas sem saberem se os outros professores fazem ou não greve.

Como são os almoços nas escolas no resto do mundo?
Como são os almoços nas escolas no resto do mundo?
Ver artigo

"Se algum professor fizer greve e não tiverem alguma aula telefonam-me e venho buscá-las, já que moro perto e hoje posso porque estou de folga", explicou, frisando: "Se estivesse a trabalhar seria mais complicado e teriam de ficar na escola mesmo sem aulas ou em casa sozinhas, o que não gosto que aconteça, ou ir para casa de amigas".

Sofia Canadas, de 43 anos, vai chegar atrasada ao trabalho, porque teve de esperar à porta da escola para "tentar saber o destino" de hoje da filha, que tem 12 anos e frequenta o 6.º ano.

"Não teve a primeira aula e vai ter a última, mas ainda não sabe se vai ter as outras aulas pelo meio. Vou tentar saber junto da secretaria. Se tiver fica na escola, se não vou deixá-la no ateliê de tempos livres e falta à última aula, porque não quero que fique na escola sem aulas nem em casa sozinha e não posso levá-la comigo para o trabalho", explicou Sofia, referindo que "muitos colegas" da filha vão ficar na escola, mesmo que não tenham aulas, "porque os pais estão a trabalhar e não podem ficar sozinhos em casa".

Segundo João Sousa, cuja filha, de 11 anos, frequenta o 6.º ano, "uma greve de professores afeta sempre a rotina".

"Estou habituado a deixar a miúda na escola e ir trabalhar descansado. Hoje tive que esperar um pouco", explicou, referindo que a filha "teve a primeira aula e, em princípio, vai ter as outras", mas se não tiver terá de sair por uns instantes do trabalho e voltar à escola para a levar para o ateliê de tempos livres.

A greve também afetou a rotina de Filipa Almeida, que tem três filhos na escola, uma menina, de oito anos, no 1.º ano, e dois rapazes, de 10 e 11 anos, respetivamente, no 5.º e no 6.º anos.

"Os rapazes não deverão ter grande parte das aulas, mas têm de ficar na escola na mesma, porque não tenho onde os deixar e terão de esperar pela hora de cada aula para saberem que professores fazem greve", explicou.

Já a filha teve aulas, mas Filipa Almeida teve de esperar "mais meia hora do que é habitual" e mesmo até à hora de início das aulas, às 09:00, para saber que a professora não fazia greve e, por isso, vai chegar atrasada ao trabalho.

"Normalmente, deixo a minha filha na escola às 08:30, porque trabalho a 20 quilómetros de Beja e entro às 09:00, mas hoje tive que esperar mais meia hora e vou chegar atrasada ao trabalho e passar o dia sabendo que tenho dois filhos na escola que não vão ter grande parte das aulas", disse.

Em declarações à Lusa, Maria da Fé, do Sindicato dos Professores da Zona Sul, disse não poder avançar com uma média de adesão dos professores à greve no distrito de Beja, devido a "dificuldades na recolha de dados junto dos agrupamentos de escolas", e remeteu para dados publicados no sítio de Internet do sindicato.

Segundo os dados publicados até às 12:00, no distrito de Beja, havia, pelo menos, dez estabelecimentos de ensino, sendo seis jardins-de-infância e quatro escolas do 1.º ciclo do ensino básico, com adesões de 100% de professores à greve.

No sítio de Internet, o sindicato refere também adesões de 70% e de 35% na escola do 1.º ciclo e na dos 2.º e 3.º ciclos da vila de Aljustrel, respetivamente, de 41% na Escola Básica Integrada Fialho de Almeida na vila de Cuba, de 66% na Escola Básica de Colos (Odemira) e de 50% nas escolas básicas das vilas de Castro Verde, Entradas e Ervidel.