A formação profissional de pessoas com deficiência tem como objetivo “capacitar e certificar pessoas que cumprindo os requisitos por lei pretendam ingressar ou reingressar no mercado de trabalho”.
Numa primeira instância, os cursos de formação profissional com as suas duas componentes (Formação para a Inclusão e Formação Tecnológica) pretendem preparar os formandos para a realidade do contexto de trabalho, quer ao nível dos comportamentos e atitudes a adotar, quer ao das técnicas profissionais exigidas, ou seja, pretende-se que os formandos adquiram uma auto capacitação e uma identidade ativa.
Após esta primeira instância do processo formativo, a prática em contexto de trabalho é importante para os formandos poderem colocar na prática e na realidade do trabalho os conhecimentos adquiridos na formação, assim como ganharem uma identidade profissional.
Assim, é importante haver empresas que abram as suas portas para receberem formandos para as suas práticas em contexto de trabalho.
Uma das formações da Fundação AFID é a formação em Padeiro(a)/Pasteleiro(a), onde no decorrer do ultimo ano alguns dos formandos, após a conclusão da primeira parte do processo formativo, puderam fazer a sua prática em contexto de trabalho na Padaria Portuguesa.
O Tomás Gonçalves foi um dos jovens que teve a oportunidade de poder ter pela primeira vez contacto com o mercado de trabalho na fábrica da Padaria Portuguesa.
Se no primeiro contacto o nervosismo foi o sentimento dominante, com o decorrer do tempo e o desenrolar das relações sociais e profissionais, houve por parte do Tomás um desenvolvimento a nível social e profissional, pois verificou-se uma maior autonomia, confiança e segurança no trabalho que estava a desempenhar, levando a uma aceitação das suas próprias competências.
Este crescimento pessoal para o Tomás foi possível pois, por parte da entidade que o estava a receber, houve consideração pelas suas características, competências e potencialidades.
Estar na Padaria Portuguesa foi bom porque aprendi muita coisa. Os colegas ajudaram muito, principalmente o chefe Tiago - Tomás Gonçalves
Em suma, esta prática em contexto de trabalho é importante, não só para aqueles que nunca tiveram qualquer experiência com o mercado de trabalho, mas também para os que já a tiveram, voltarem a adquirir rotinas e verem validadas as suas competências.
Após o período na Padaria Portuguesa, os formandos sentiram-se capazes, realizados, autoconfiantes, úteis e com um sentimento de participação na vida ativa da sociedade.
Esta experiência é uma porta aberta à autonomia dos formandos e à sua independência, mas também a uma sociedade mais inclusiva e a um mercado de trabalho mais diversificado.
É verdade que são cada vez mais as empresas abertas a estas oportunidades de experiência, no entanto, ainda há um longo percurso a percorrer, quer para haverem mais oportunidades de experiências práticas em contexto aberto de mercado de trabalho, mas depois também a contratação destas pessoas.
Texto: Ana Sofia Sousa, Formadora da Formação Profissional da Fundação AFID Diferença
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