Nas cerca de seis instituições em que colaboram, as crianças e jovens já representaram mitos gregos como Ulisses, Teseu, Narciso ou o Rei Midas, sendo a escolha dos mitos feita em torno "da moralidade" e da componente pedagógica que lhe pode estar associada, explicou Ana Carvalho, membro do projeto, intitulado Pequena Infância.

As escolhas podem ter a ver com mitos que abordam as relações familiares ou a ausência delas, assim como histórias em que "o herói tem que matar um monstro - que metaforicamente vai ao encontro da luta das crianças com o cancro", aclarou, frisando que são feitas adaptações ao texto original, com a ajuda de uma psicóloga.

Nas sessões, as crianças fazem "jogos para quebrar o gelo inicial", depois um dos membros do projeto "lê a história enquanto outro manipula uns bonecos", conversa-se sobre a leitura e no final dramatiza-se esse mesmo texto.

"Até agora, a adesão tem sido fantástica", quer com grupos de crianças mais novas quer com jovens entre os 13 e os 18 anos, disse à agência Lusa Ana Carvalho, referindo que nestas oficinas de expressão dramática que desenvolvem são as crianças que "assumem as personagens".

Durante as sessões, "as crianças esquecem um pouco os seus problemas e têm acesso a livros que, de outra forma, não teriam", realçou.

O projeto está dependente de voluntários interessados em participar, tendo de momento 14 pessoas envolvidas, a maioria estudantes.

A iniciativa, desenvolvida pela Origem da Comédia - braço juvenil da Associação Portuguesa de Estudos Clássicos -, começou por ser dinamizada por estudantes desta área, mas já recebeu voluntários de Psicologia, Arqueologia ou Física, explicou.

As sessões decorrem duas vezes por ano, com uma temporada entre novembro e dezembro e outra em março e abril, deslocando-se a instituições da região e ao Hospital Pediátrico de Coimbra.