Um grupo de enfermeiras está a desenvolver um projeto de intervenção na área da saúde num bairro social de Olhão para introduzir hábitos mais saudáveis nas famílias, disse hoje à Lusa uma das responsáveis.

 

A realização de sessões de educação para a saúde e a criação de uma horta comunitária e de um clube de atletismo são algumas das propostas das quatro enfermeiras que integram o projeto para ajudar a tornar as famílias do bairro mais saudáveis, explicou Ana Lam.

 

No bairro municipal Rua da Armona habitam cerca de 300 pessoas e o projeto de intervenção comunitária destas enfermeiras incidiu sobre 130 crianças e jovens, praticamente metade da população do bairro.

 

Após a realização de questionários para fazer o diagnóstico dos problemas de saúde que mais atingiam as crianças e jovens do bairro, até aos 18 anos, as enfermeiras concluíram que havia muitos casos de má saúde oral e alimentação e de sedentarismo.

 

"Detetámos um consumo elevado de alimentos açucarados e baixo consumo de frutas e legumes. Percebemos também que as crianças e jovens apenas fazem desporto na escola e que têm hábitos sedentários, passando muito tempo a ver televisão e no computador", sublinhou.

 

De acordo com a enfermeira, outro dos problemas detetados tem a ver com o consumo precoce de drogas, embora essa questão não tenha sido detetada nos questionários - já que muitos jovens não o assumem -, mas através de outros técnicos que trabalham com a comunidade.

 

As sessões de educação para a saúde começaram em dezembro e abrangem grupos de oito famílias, que vão sendo substituídos por outros a cada três semanas, explicou Ana Lam, acrescentando que o objetivo é estender o projeto a todas as famílias do bairro.

 

As enfermeiras querem ainda ajudar a criar no bairro um ‘graffiti’, com a colaboração dos jovens, que se queixaram nos questionários de que não gostavam da cor apagada dos prédios, mas ainda aguardam autorização do município.

 

Outra das ideias é desenvolver um ateliê intergeracional para o ensino de trabalhos manuais, já que no bairro há muitas pessoas em idade ativa que estão desempregadas.

 

A iniciativa tem a duração de dois anos e as enfermeiras que o desenvolveram - com idades entre os 35 e os 48 anos -, querem estendê-lo também a outros bairros do concelho.

 

O projeto é realizado no âmbito do III Curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem Comunitária do Instituto Politécnico de Beja. As enfermeiras estão a trabalhar em articulação com a Associação Verdades Escondidas e com a Câmara de Olhão.

 

Lusa