O Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa (HCVP) negou que haja qualquer relação de favor com o Estado ou que esteja em causa a sustentabilidade financeira da instituição, a propósito de uma auditoria do Tribunal de Contas, avança a agência Lusa.

 

«A relação da Cruz Vermelha Portuguesa com o Estado não é, nem nunca será, uma relação de favor», e o acordo celebrado «baseia-se na disponibilidade em tratar doentes em espera» no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em particular de cirurgia cardíaca, diz a Cruz Vermelha num comunicado assinado pelo presidente da instituição, Luís Barbosa.

 

O Tribunal de Contas identificou médicos que encaminhavam crianças da Maternidade Alfredo da Costa para serem operadas no HCVP, onde também trabalhavam, situação relatada numa auditoria à execução de um acordo que existe entre o HCVP e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT).

 

No mesmo documento, concluiu que o Estado teria poupado 30 milhões de euros se os doentes encaminhados para o HCVP, entre 2009 e 2011, tivessem sido tratados no SNS.

 

Na tarde de ontem o Ministério da Saúde revelou que, até Julho, gastou perto de um milhão de euros com o encaminhamento de doentes para o HCVP e sublinhou a «contenção efetuada nos últimos anos» nessa matéria.

 

No comunicado, a Cruz Vermelha salienta que cabe ao Ministério da Saúde avaliar as necessidades e garantir respostas, que «não constituem uma mera avaliação financeira ou contabilística mas antes a resposta a uma necessidade».

 

A esse propósito, a Cruz Vermelha fala de uma «auditoria internacional e independente» feita a pedido da ARS-LVT e no âmbito da qual foram detetados, este ano, «centenas de pacientes em listas de espera por períodos superiores a três anos».

 

O relatório citado pelo comunicado da Cruz Vermelha conclui que a continuação de um contrato básico com um hospital semipúblico, como o da Cruz Vermelha, «faz sentido e deve ser mantido como apoio», diz Luís Barbosa.

 

«Importa salientar que o peso de doentes do SNS na produção do Hospital é de apenas cinco por cento, sendo completamente marginal no equilíbrio financeiro», diz ainda, concluindo: «A Cruz Vermelha Portuguesa reafirma a sua total disponibilidade e do seu Hospital, no âmbito da sua missão, para aceder a todas as solicitações que se impõem em tempos tão difíceis como este».

 

 

Maria João Pratt 

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