Apoiada pela UNICEF e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a campanha de vacinação contra as duas doenças vai abranger cerca de 292 mil cabo-verdianos entre os nove meses e os 25 anos, pouco mais de 52 por cento da população total de Cabo Verde, numa operação orçada em 462 mil euros.

 

Para a realização da campanha, que conta também com o apoio do Sistema das Nações Unidas (SNU) em Cabo Verde e se prolonga até dia 23 deste mês, foram constituídas 226 equipas, num total de 1.059 pessoas.

 

Segundo dados de 2011, Cabo Verde regista 21 mortes por cada mil nados vivos e é o melhor país africano de língua portuguesa, encontrando-se no 91.º lugar da lista de 195 países constantes num relatório da OMS, tendo já uma redução de 63 por cento entre 1990 e 2011.

 

O início da campanha de vacinação foi feito hoje simbolicamente pelas autoridades cabo-verdianas, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, José Maria Neves, na presença do diretor regional para África da OMS, o médico angolano Luís Sambo, e do corpo diplomático acreditado na Cidade da Praia.

 

A ideia, segundo a intervenção de José Maria Neves, é reduzir os índices de mortalidade materno-infantil em dois terços, tendo por base os indicadores de 1990, indo ao encontro das metas estabelecidas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), preconizados em 2000 pelas Nações Unidas, projeto que termina em 2015.

 

Presente no ato, a coordenadora residente do SNU em Cabo Verde, Ulrika Richardson-Golinski, destacou o facto de o arquipélago ser o primeiro país de África a trabalhar para reduzir as mortes ligadas ao sarampo e rubéola e a eliminá-la até 2020.

 

Por seu lado, Luís Sambo congratulou-se com a «melhoria considerável» da saúde em Cabo Verde ao longo dos últimos anos, mas advertiu que há ainda muito a fazer para melhorar o conjunto dos indicadores.

 

«O programa alargado da vacinação em Cabo Verde atingiu as melhores performances a nível da África com o aumento, nos últimos dez anos, da sua cobertura vacinal a mais de 90 por cento das crianças», disse, salientado que, com a resposta pronta ao apelo da OMS, o país está a contribuir para a imunização dos jovens do continente.

 

Com a realização da campanha, Cabo Verde torna-se o primeiro país africano a cumprir a solicitação da OMS nesse sentido, tendo como propósito erradicar os vírus do sarampo e da rubéola na região africana.

 

A última epidemia de sarampo registada no país remonta a 1997 e 1998, tendo provocado 49 mortes entre os 8.873 casos registados nas nove ilhas habitadas.

 

Em relação à rubéola, também todas as nove ilhas foram afetadas em 2008 (9.578 casos) e 2009 (11.329), sem, porém, que se tenha registado qualquer óbito provocado por uma doença que atingiu, então, sobretudo jovens entre os 13 e os 17 anos.

 

 

Maria João Pratt

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