Em declarações à Lusa, Sofia Vilela, autora do estudo e investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia do ISPUP, explicou que o estudo, desenvolvido desde 2014, evidenciou “o papel fundamental” dos pais como “atores principais” na educação alimentar e criação de hábitos nas crianças.

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“Os pais são os atores principais nesta questão e nem sempre percecionam que os laços que estabelecem e o que cedo ensinam a estas crianças se vai manter ao longo da vida. É importante que os pais entendam que o desenvolvimento da criança está relacionado com uma maior e melhor nutrição ao longo do dia”, afirmou Sofia Vilela.

O estudo, desenvolvido no âmbito do Programa Doutoral em Saúde Pública da Universidade do Porto (UP) e intitulado “Tracking the acquisition of eating habits in children and its effects on behaviours related to appetite and on adiposity”, focou-se na evolução dos hábitos alimentares de cerca de cinco mil crianças, com quatro e sete anos, da cidade do Porto.

Com o objetivo de perceber “se os hábitos se mantinham ou alteravam ao longo da infância”, a investigadora analisou questões como a qualidade alimentar, o consumo de alimentos energéticos, o número de refeições, a variedade alimentar e ainda os fatores que influenciam a aquisição de hábitos alimentares.

Segundo Sofia Vilela, o estudo revelou existir “uma estabilidade nos comportamentos alimentares das crianças”, algo que acredita estar relacionado com “uma maior variedade alimentar”.

“Concluímos que as crianças que são expostas a uma maior variedade de alimentos, como diferentes tipos de fruta, vegetais, carnes e peixes, têm uma melhor relação com a comida, visto que têm maior prazer e se tornam menos seletivas”, salientou.

O estudo, que incluiu também a participação de cerca de 500 crianças num inquérito alimentar nacional e de atividade física (IAN-AF), revelou que as crianças que praticam “menos de seis refeições por dia (entre refeições principais e lanches) apresentam um maior risco de vir a ter excesso de peso e obesidade”, questão que a investigadora acredita merecer “uma maior atenção por parte pais”.

“Muitas das vezes os pais não percecionam que a criança tem excesso de peso e isso resulta na conservação dos mesmos hábitos alimentares. Esta é uma questão que merece a atenção dos pais, porque tem impacto quer na alimentação das crianças, quer no risco de poderem vir a ter excesso de peso”, acrescentou.