Os resultados de dois ensaios clínicos randomizados - que chegaram às mesmas conclusões - foram publicados na revista New England Journal of Medicine. "Os probióticos não tiveram efeito sobre as crianças", disse um dos autores Phillip Tarr, professor de pediatria da Universidade de Washington em St. Louis, acrescentando que as descobertas "não são ambíguas". "É melhor para os pais poupar esse dinheiro e usarem-no para comprar mais frutas e verduras frescas para seus filhos", acrescentou.

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A popularidade dos probióticos está a aumentar e prevê-se que o mercado global cresça de 37 mil milhões de dólares em 2015 para 64 mil milhões em 2023, de acordo com o estudo.

Cinco dos 12 principais grupos médicos do mundo incentivam o seu consumo, como forma de promover a saúde restaurando a flora intestinal, construindo as chamadas "bactérias boas" nos corpos das crianças. Para um dos estudos, nos Estados Unidos, os investigadores testaram uma marca popular de probiótico, vendido sob o nome Culturelle.

Sem diferença

Um total de 971 crianças, com três meses a quatro anos de idade, participaram no estudo. Todas foram atendidas de emergência por gastroenterite, uma condição intestinal que pode ser causada por um vírus ou uma infeção bacteriana, e cujos sintomas incluem vómitos e diarreia. As crianças foram aleatoriamente designadas para receber, durante cinco dias, um placebo ou o Culturelle, que contém a bactéria Lactobacillus rhamnosus GG.

Os cientistas descobriram que as crianças que tomaram o probiótico não mostraram diferença em termos de duração da doença ou gravidade dos sintomas, em comparação com as crianças que receberam um placebo.

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O segundo estudo, realizado no Canadá, usou um produto chamado Lacidofil Strong, contendo Lactobacillus rhamnosus R0011 e L. helveticus R0052.  Mais de 800 crianças receberam o probiótico ou um placebo. A diferença foi tão pequena que os pesquisadores disseram que não era estatisticamente significativo. "Gastroenterite moderada a grave dentro de 14 dias após o início do estudo ocorreu em 108 dos 414 participantes (26,1%) que receberam probióticos e em 102 dos 413 participantes (24,7%) que receberam o placebo", disse o estudo.

O grupo que recebeu probióticos não apresentou menos vómitos ou diarreia, menor tempo de doença, menos visitas aos médicos ou menos complicações. Até agora, a maioria dos estudos foi em geral favorável aos probióticos.

O coautor Stephen Freedman, médico de emergência pediátrica do Alberta Health Services, disse que isso se deve a que, na maioria dos casos, esses estudos foram pequenos e financiados pela indústria. "Os resultados passam uma mensagem clara de que precisamos questionar o papel e os benefícios dos probióticos para outras aplicações de saúde usando ensaios clínicos amplos, rigorosos e orientados para o paciente", afirmou.