É uma doença viral, causada habitualmente pelo um grupo de vírus – os Coxsackie (A16 na Europa, A71 na ásia, por exemplo) – que pertencem à família dos enterovírus.
Afeta sobretudo crianças abaixo dos 5 anos e, como pode ser causada por diferentes vírus dentro do mesmo grupo, não é propriamente uma doença que só ocorra uma vez na vida.
A transmissão é muito fácil: o contacto com as secreções respiratórias ou as fezes das pessoas infetadas (e os adultos podem estar infetados sem apresentar qualquer sintomatologia), desencadeia rapidamente um período de incubação que se estende por 3 a 6 dias.
Quais os sintomas?
Inicialmente, a doença cursa com febre alta, dor de garganta acentuada, obstrução nasal e eventualmente, algumas alterações gastro-intestinais, como aumento da frequência das dejeções, bem como fezes de consistência mais mole.
No entanto, o grande marcador da doença é o rash típico, ou seja, tem uma manifestação cutânea muito específica, que permite fazer o diagnóstico sem recorrer á realização de exames específicos.
Habitualmente, ao 3º dia de febre, surgem borbulhas (vermelhas e com uma pequena vesícula) que podem ulcerar nas palmas das mãos, plantas dos pés e zona em torno dos lábios, associando-se a aftas na cavidade oral (daí a designação de Doença de Mãos-Pés-Boca). Algumas crianças desenvolvem mais borbulhas noutras localizações, nomeadamente, cotovelos, joelhos e superfícies extensoras dos membros e nádegas. Esta forma de apresentação tem um nome específico (Síndrome de Gianotti-Crosti) e foi descrito pela primeira vez em 1955 por um pediatra italiano.
As aftas orais são realmente um ponto importante, porque causam imenso desconforto e são frequentemente factor de risco para a desidratação das crianças.
O tratamento é puramente de suporte: faz-se analgesia e controlo da febre e reforço da ingestão de líquidos. De uma forma prática e direta: se não quiser comer, não come, mas beber é muito importante.
Quais as complicações possíveis para a DMPB?
Para além da desidratação, existem complicações mais raras para as quais deveremos estar atentos. Como qualquer vírus da família dos enterovírus, os coxsackie são capazes de infetar o Sistema Nervoso Central. Por isso, obviamente é um sinal ominoso, se a criança com este rash começa a ter alterações do comportamento, prostração excessiva ou dor de cabeça acentuada.
Em relação ao contágio, a verdade é que as crianças são sobretudo contagiosas na primeira semana da doença, no entanto a excreção do vírus pode manter-se nas fezes durante várias semanas. Do ponto de vista formal, isso implica que as crianças devem estar uma semana sem ir à escola.
No entanto, podem continuar a ser contagiosas e como tal, contagiar outras crianças. Isto implica muito cuidado na higiene dos fraldários e nas idas à casa de banho, com reforço da higienização das mãos (e por isso é que a ocorrência de surtos é tão frequente no contexto dos infantários).
Por fim, gostaria de salientar que frequentemente cerca de 6 a 8 semanas depois desta infeção, as crianças podem apresentar uma alteração indolor das unhas, com a sensação que a unha se parte (onicomadese). Simboliza apenas que a infeção está finalmente controlada pelo sistema imunitário. E não requer nenhuma medida terapêutica especial.
Um artigo da médica pediatra Joana Martins.
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