Dos nossos cinco sentidos, os da visão e audição são, provavelmente, os que transmitem maior quantidade de informação sobre o mundo que nos rodeia. No caso das crianças, algum problema a este nível torna mais difícil obter essa mesma informação e, em resultado, afeta o seu desenvolvimento.

 

As aptidões mais atingidas são as da linguagem, do discurso e da movimentação. Em consequência, a criança experimenta dificuldades em relacionar-se com os outros e em adquirir as ferramentas socio-emocionais para o fazer.

 

Daí a importância da realização de rastreios oculares e auditivos, para garantir que está tudo bem e, em caso contrário, para abordar o problema o mais precocemente possível.

 

Quando nasce, as capacidades de visão e de audição do bebé devem ser avaliadas. Estima-se que, no último caso, as perdas auditivas afetam um em cada 1000 recém-nascidos, sendo esta a patologia mais habitual aquando do nascimento.

 

Em relação aos olhos, também a grande maioria das crianças que acabam de nascer não apresentam qualquer problema. Porém, existem circunstâncias que motivam uma atenção especial dos médicos ao bebé: ser prematuro, ter uma doença previamente diagnosticada ou malformações congénitas.

 

As boas notícias são que estes casos são muito pouco frequentes e a o esmagador número de recém-nascidos não apresenta qualquer motivo para alarme.

 

 

Atenção permanente

 

Se está tudo bem nos primeiros tempos, a atitude de muitos pais é a de deixarem de se preocupar com este assunto. No entanto, os olhos e os ouvidos não são estáticos: tal como acontece com todo o organismo da criança, encontram-se num processo acelerado de desenvolvimento e nem sempre da melhor forma.

 

É por isso que em cada consulta, o pediatra dá especial atenção aos ouvidos e aos olhos dos seus pequenos pacientes.

 

Visão Este tipo de rastreios acontece muito antes de a criança entrar na escola. Logo que ela sabe identificar letras – e normalmente isso acontece em pleno pré-escolar – é avaliada a sua capacidade de as ‘ler’, um olho de cada vez.

 

A avaliação ocular também se faz, determinando se a criança tem dificuldades em ver objetos que estão perto ou longe, ou se faz esforço de focagem. Por exemplo, se franze os olhos quando está a ver televisão.

 

Uma criança que seja estrábica nos primeiros anos de vida, não ultrapassa essa condição de forma “natural”, como muitos adultos pensam. O que se passa é que o cérebro desiste de entortar o olho ou os olhos para ajudar a alinhar ou a focar as imagens e, pura e simplesmente, deixa de contar com ele, ou ele. Nos casos mais graves, tal pode dar origem à perda de visão.

 

Se a família suspeitar de que a criança não vê bem, e antes de ir ao médico, é importante pedir ajuda de outras fontes, nomeadamente dos educadores.

 

As atitudes e comportamentos no jardim-de-infância ou na escola dão muitas vezes as primeiras pistas para a necessidade de correção ocular.

Audição

 

O testemunho de pais, avós e professores também é importante para determinar se está tudo bem com o sistema auditivo. Uma criança que não ouve bem tem comportamentos específicos, como a pouca reação a sons fortes, posicionar a cabeça de forma estranha durante as conversas ou usar um tom de voz nasalado ou alto.

 

O hábito de “comer” sílabas nas palavras, de evitar falar com pessoas estranhas ou de fazer compassos de espera para responder são outros sinais a que é necessário prestar atenção. Grande parte dos problemas auditivos pode dever-se a otites serosas sofridas pela criança, com aumento dos adenoides.

 

Nestes casos, são realizados um audiograma e o timpanograma, habitualmente a partir dos três anos de idade. Se a situação é mais grave, o médico pode recomendar que a criança realize um teste denominado por “potenciais evocados auditivos”. Trata-se de uma forma mais sofisticada de detetar alterações causadas por doenças neurológicas, traumatismos no crânio ou fármacos que possam lesar o sistema auditivo.

 

Maria Cristina Rodrigues