A pele dos bebés começa a formar-se por volta da terceira ou quarta semanas de gestação.
Nesta fase, a epiderme é composta por duas camadas, uma delas é já a própria pele e outra, a periderme, uma estrutura que desaparece gradualmente.
A formação das estruturas da pele prossegue, sendo que, por volta do quarto ou quinto mês, o tecido cutâneo do bebé já é um orgão independente e bastante visível.
Aos poucos surgem as células que lhe dão cor, da imunidade, as glândulas sebáceas e todos os outros anexos cutâneos que compõem a pele que, nesta fase, é ainda muito sensível e delicada. Por isso, desde o nascimento requer cuidados especiais para manter-se saudável.
Evolução da pele
O tecido cutâneo dos bebés é bastante frágil e evolui até chegar à puberdade. Quando nasce e enquanto criança, as células do tecido superficial têm poucas ligações e não estão totalmente formadas. Também na camada mais profunda da derme, as fibras elásticas estão mais frágeis.
Segundo Vasco Sousa Coutinho, dermatologista pediátrico, «se houver mal-formação a esse nível, pode dar origem a lesões futuras, como algumas doenças bolhosas, relacionadas com a falta de adesão das células entre si».
Depois do parto, o funcionamento das glândulas também é singular. «As glândulas sudoríparas começam a funcionar na altura do nascimento. As sebáceas estão em atividade até ao final da gravidez, por estimulação das hormonas maternas e quando o bebé nasce, adormecem até à puberdade ou um ano antes desta fase», explica o especialista.
Cuidados básicos
Nos primeiros meses de vida, Vasco Sousa Coutinho salienta que «não deve haver uma sobreproteção nem exageros. Os produtos não devem ser muito gordurosos porque vão entupir os poros e fazer aparecer lesões de suor ou até de acne».
Os cuidados essenciais englobam o banho com óleos suaves e a aplicação de um emoliente logo a seguir. Esta hidratação deve ser mantida até aos cinco ou seis meses de idade. «Mas, se houver antecedentes de eczemas na família, é preciso manter a hidratação até a pele se tornar mais oleosa ou o eczema se esgotar», acrescenta.
Nécessaire ideal
Nesta fase inicial da vida, deve privilegiar a utilização de leites e emulsões que podem sempre ser perfumados, excepto nos casos em que o bebé sofre de eczema.
«Normalmente as emulsões (misturas) de óleo em água são as mais suaves e frequentes», refere o especialista.
«Se a pele é muito seca, usam-se emulsões de água em óleo. Outros produtos de ureia e o ácido láctico podem ser aplicados como adjuvantes quando a pele é pouco elástica, mas normalmente são agressivos e ardem na pele do bebé», acrescenta ainda.
Existem ainda ingredientes que irritam a pele e que deve evitar. Exemplo disso é a glicerina, um álcool que seca o tecido cutâneo, a lanolina, também um álcool que apesar de não secar a pele sensibiliza-a e, muitas vezes, provoca alergias. Hoje, a maioria dos produtos é de origem vegetal e artificial, o que constitui uma vantagem pois «os óleos naturais de girassol ou soja são menos sensibilizantes do que os produtos de origem animal, logo mais adequados à pele da criança», refere Vasco Sousa Coutinho.
Problemas comuns
Quando a criança nasce, a generalidade das dificuldades que a pele enfrenta está ligada às doenças glandulares e a passagem do meio líquido para um ambiente mais seco. As doenças mais frequentes são a acne neonatal e a sudamina. Segundo o especialista, «a primeira é provocada pela estimulação das hormonas maternas em actividade no bebé ainda depois do parto.
À medida que essas hormonas vão sendo eliminadas do seu organismo, as glândulas sebáceas entram em repouso e a acne desaparece». A sudamina está relacionada com a acção das glândulas sudoríparas, por exemplo quando os pais aquecem demasiado o bebé, vestindo-o com roupas muito quentes ou mantendo-o numa zona sobreaquecida.
«Os bebés têm uma série de vesículas pequeninas nas glândulas sudoríparas que entopem e, por isso, ficam vermelhos e quentes», explica Vasco Sousa Coutinho. Existe também um conjunto de deficiências genéticas neonatais que pode revelar-se logo após o parto. O mais comum é o eritema tóxico, «cuja origem ainda não está determinada, mas que durante três ou quatro dias deixa a pele do bebé como se tivesse sarampo. O problema passa rapidamente com alguma descamação», conclui.
Como agir
A regra de ouro caso note um problema na pele no bebé é «não se assustar logo no primeiro dia. Deve esperar dois ou três dias, porque na maioria dos casos as coisas resolvem-se por si», refere o especialista.
«Se tal não acontecer, procure um pediatra que esteja habituado a ver as evoluções normais da pele e que, se necessário, encaminhará o bebé para um dermatologista. No entanto, há exceções», alerta.
«Se notar sinais fora do vulgar ou um angioma (mancha vermelha que pode começa a crescer) deve ir diretamente a um médico dermatologista», avisa ainda o especialista. Problemas mais comuns como a crosta láctea, que fica aderente ao couro cabeludo, são facilmente tratados pelo pediatra e apenas em casos mais agudos é preciso recorrer ao dermatologista. «Até aos seis meses, as alergias são também pouco frequentes», realça o especialista
Higiene e segurança
Produtos essenciais para cuidar da pele do seu filho:
- Gel para o banho
- Creme hidratante
- Creme para prevenção das dermites provocadas pelas fraldas
- Protetor solar de índice elevado
Dica
O algodão é um material suave e, por isso, o mais apropriado para vestir o bebé. Opte por cores claras. Um algodão tingido de escuro, apesar de perder tinta após cerca de quatro lavagens, fica mais duro e agressivo para a pele.
Sabia que...
Para além de cuidar da pele, o ritual de higiene e massagem, após o banho, é fundamental para reforçar os laços afetivos entre mãe e filho.
Texto: Mariana Correia de Barros com Vasco Sousa Coutinho (dermatologista pediátrico)
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